7 de novembro de 2024
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Crônica: A cicuta e a realidade

Por: Sérgio Sant’Anna

Agora não adianta mais, a cicuta foi ingerida a contragosto, porém caminha obliquamente pelos órgãos dos nossos corpos.

Quando Sócrates foi condenado a beber do veneno governamental, estabeleceu-se que o honesto, o justo teria que provar a sua verdade, enquanto o malfeitor, o desonesto, o malvado (favorito), o hipócrita nada mais teria que provar, lançaria os excrementos e estes soariam como verdades. Não necessitaria mais das verdades de Goeble.

A verdade que os homens do passado carregavam em suas palavras, hoje a cerimônia hipócrita moderna não a tem como fiança. As palavras são ditas incoerentemente, sem base, sem um fundo de verdade, reascendendo chamas apagadas há décadas. É sabido que o Homem sempre tentou demonstrar coerência, no entanto a partir do momento em que a maçã é apanhada, mesmo com um discurso áspero sobre o seu apanhar, sofremos as consequências. Começamos a perceber a deformação da natureza humana.

A genética determinando essa abominável rudeza do ser. Um humano inquieto com o seu umbigo, capaz de cometer assassinatos para ver os inimigos apodrecerem e virarem húmus. A incapacidade de se relacionar efetivamente deu lugar aos encontros efêmeros, alicerçados em mundo virtual completamente cego devido à democracia das redes sociais amparadas na ignorância do Humano.

Aquele veneno dado ao provocador, ao entusiasta do saber, ao que buscava a reflexão dos seus semelhantes circula pelos nossos campos venosos, de maneira lenta, efetivo como a foice que corta habilmente os secos bagos de trigo semeados. Somos assombrados pelos humanos.

* Sérgio Sant’Anna é Professor de Língua Portuguesa do Anglo e COC Professor de Redação da Rede Adventista e Jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.