22 de novembro de 2024
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Artigo: O opiáceo contra os seus erros: o ódio

Por: Sérgio Sant’Anna*

Não há como defender os atos terroristas datados do último dia 08 de janeiro, os que ainda insistem bebem do fel da maldade e se orientam pelo seu poder capital com medo de perder as benesses ganhas individualmente com este Governo antecessor. Exatamente uma semana após a posse do legitimamente eleito presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Para alguns, apenas uma semana depois da sua posse histórica, cercada por uma carga semântica jamais apreciada em nossa história democrática; para outros, nada significativo. Todavia, a certeza é que o planejamento do terrorismo que se ocupou da Praça dos Três Poderes foi longamente arquitetado, alimentado por financiadores do mal, acostumados a tratar seus subalternos como escravos, enriquecer seus cofres através de licitações fraudulentas e se isentarem dos impostos de maneira ilegal. Há um banditismo escancarado diante desta cena grotesca da nossa história. Não se pode enfrentar tal situação com apenas uma ameaça ou algo típico de bolsonaristas inconformados com às últimas eleições; são bandidos, seres maldosos, muitos acostumados a atitudes inescrupulosas, donos de uma “capivara” extensa. Não dá para este capítulo de nossa recente Constituição ser tratado como mais uma manifestação. Não foi! Foi um gesto animalesco, uma atitude fora da Lei. E como tal merece a justa punição exposta pelo Código Penal.

Analisando esta situação, principalmente os seus autores, financiadores, difusores e amantes deste ato terrorista, há que se atentar ao ódio impregnado na ação, pois fala muito de quem o pratica. Há o preconceito encarcerado esperando a manifestação de alguém para que este também possa lançar o seu veneno. É um efeito manada. Orquestrado. O nome de Deus e da Pátria são usados como álibis para o terror. O ódio sempre existiu e se difunde por todos os lados. Não é fácil existir e acumular fracassos, dores, solidão, questões sexuais, desafetos e uma sensação de que a vida é injusta conosco. O mais fácil é transferir para terceiros. Esse é um desvio de parte da sociedade que se expande e acreditam possuírem o direito de rotular os demais e execrá-los.

Defecar em uma mesa do Superior Tribunal Federal não pode ser eufemizado como um gesto de manifestação; assim, também, como a atitude daquele que fura a obra de Di Cavalcanti, “As mulatas”; ou mesmo aquele que destruiu o relógio de Dom João VI. Situações em que o terrorismo fora o nome correto a ser empregado. Os terroristas cruzaram a linha que separa a civilização da barbárie. Se foram insanos, não sei, todavia, foram racionais ao elaborar o plano para desaguar em tamanho desastre. Classificar tal atitude como dissonância cognitiva é, também, suavizar a ideia de que o terrorismo não existiu. Como conta um adágio africano: “O problema do ladrão não é roubar o clarim do chefe, e sim onde tocá-lo. A invasão criminosa estava anunciada. Todas aquelas autoridades, que minimizaram o problema, que foram coniventes com o mesmo são todos culpados e merecem ser punidos com o rigor legal.

Não podemos mais permitir que a nossa democracia seja fragilizada pelo interesse capital de alguns. Cercados por argumentos insignificantes, inexistentes, alicerçados por grupos de whatsapp amparados em fake news, cujas difusões são suas teorias conspiratórias e a propagação do medo. O opiáceo em favor deste ato terrorista é o ódio, este que há centenas de anos navega pela circulação de milhares de brasileiros.

* Sérgio Sant’Anna é Professor de Língua Portuguesa do Anglo e COC Professor de Redação da Rede Adventista e Jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.