Artigo: Mais um ENEM: agora como pai e professor
Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna*
Neste domingo, 13 de novembro, iniciar-se-á mais um ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), desde 1998, ano em que engatinhava pelo magistério, acompanho esta avaliação, que em um primeiro momento foi apenas para mensurar o nível qualitativo do nosso Ensino Médio. Confesso que naquele momento o Exame era apenas mais um, dentre os vários elencados pelo Governo FHC. Lembro-me até do ministro da Educação, Paulo Renato – pertencente a uma geração de notáveis ministros.
Aos poucos o ENEM foi se expandindo e durante o Governo Lula, tornou-se uma das portas de entrada à Universidade, seja ela privada (através do Prouni) ou Pública (através do Sisu). Com o passar dos anos às Universidades foram aderindo, embora desconfiadas e amargando o final de alguns vestibulares clássicos espalhados pelo Brasil. Mesmo com o roubo da avaliação em 2009, resultando em uma outra avaliação, o Exame Nacional do Ensino Médio foi aprimorado chegando a números recordes de participantes, mais de oito milhões de estudantes aderindo ao exame em um único ano.
Universidades e Faculdades engajadas, o ENEM levou escolas e cursinhos pré-vestibulares a se adaptarem ao novo sistema que trazia consigo o TRI (Teoria da Resposta ao Item), retirando um pouco da magia em torno dos grandes cursinhos espalhados pelo País dotados de um sistema que provava que o Ensino brasileiro era péssimo, forçando o discente a recorrer aos pré-vestibulares para ingressarem em uma universidade. Embora fosse um crítico do Exame Nacional do Ensino Médio (continuo) concorde com a ênfase na leitura, na interpretação de texto e na praticidade dos conteúdos elencados em aula. O ENEM retirou o conteúdo da sua memorização fóssil, jurássica, e passou a dar vida ao mesmo. Cursinhos reciclaram-se, professores se prepararam, e a escola passou a tornar a teoria uma realidade.
Nos últimos anos o Exame Nacional do Ensino Médio foi desacreditado, um projeto do atual Ministério da Educação e seus inúmeros ministros despreparados, tornando-o um terreno infértil e improdutivo, incapaz de levar o estudante brasileiro a confiar neste benefício. No último ano o exame contou com pouco mais de dois milhões de inscritos, e um número altíssimo de candidatos que não apareceram para a realização das provas. Sinais de que o caminho não era esse.
Serão dois domingos, este que se avizinha (13-11) e o dia 20-11, datas importantíssimas para aqueles que almejam adentar à Universidade. Sei que há aqueles que possuem aptidão para Exatas e Ciências da Natureza, todavia neste domingo teremos as avaliações de Linguagens, Ciências Humanas e a temida Redação que equivale ao valor de metade do Exame. Portanto, a construção de um bom texto é vital para que o candidato continue lutando para ingressar na vida acadêmica. Tranquilidade e uma leitura atenta dos textos expostos são sim elementos que diferenciarão candidatos preparados dos coadjuvantes. Sempre indiquei aos meus alunos ao longo desses quase 25 anos de aulas de Redação: o caminho é começar pela leitura do tema da Redação, esboçar a organização da sua dissertação e deixar o texto crescer como uma massa de pão, perpassando o candidato pelas questões para assim buscar mais argumentos embasados em excertos. Quanto ao tema, sempre é uma incógnita, porém aquele que adquiriu às técnicas redacionais saberá sim escrever sobre qualquer tema, desde que tenha se aprimorado diante da leitura, principalmente dos periódicos.
Logo, o candidato que é avesso à leitura terá muita dificuldade para chegar a uma resposta adequada, pois elementos como analogia, intertextualidade, identificação de gêneros textuais, funções da linguagem, figuras de linguagem são essenciais para o candidato alcançar a tão esperada nota mil, seja na redação, seja no Exame Nacional do Ensino Médio. Minha filha, Beatriz, estará lá como treineira; eu, como pai e professor.
P.S: Foco na leitura, candidatos!
*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.