23 de dezembro de 2024
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Artigo: Boas eleições para nós!

Por: Rodrigo Segantini*

Todos em Taquaritinga devem se lembrar como foram as eleições em 2004. Havia três candidatos viáveis à eleição: o então prefeito Milton Nadir, seu antecessor Sérgio Salvagni e Paulinho Delgado, que era vereador em primeiro mandato. Parecia que Milton e Sérgio protagonizariam uma disputa feroz, mas Paulinho foi surpreendentemente despontando e embolou a competição.

Na última semana antes do dia da votação, dizem que, tendo em vista que Paulinho Delgado parecia ter mais condições de vencer Milton Nadir, Sérgio Salvagni teria entrado em contato com seus correligionários e apoiadores para recomendar o voto útil afim de garantir a derrota daquele a quem tinha como seu maior rival. Se foi realmente deste jeito que as coisas aconteceram nas eleições municipais de 2004 em nossa cidade, não há como ter certeza, mas dizem que foi assim. De qualquer forma, o que é irrefutável é que Paulinho Delgado foi eleito e se tornou o prefeito de Taquaritinga de 2005 a 2012.

Portanto, ao menos aos taquaritinguenses, não é novidade que se fale em voto útil como tem sido dito acerca das eleições deste ano, a fim de que as coisas se resolvam no primeiro turno ou para que um mal maior seja afastado. Assim, o problema não é estarmos dizendo sobre voto útil, já que parece ser algo usual e praticável. O problema está em o porquê estamos discutindo isso. Afinal, o que é o mal maior que se quer evitar ao se propagandear o voto útil como alternativa?

Em âmbito federal, notavelmente, a eleição foi polarizada – o que é uma pena. A terceira via não conseguiu viabilizar uma candidatura sustentável e acabou que temos Lula de um lado, representando o anti-bolsonarismo, e Bolsonaro de outro, representando o anti-petismo. Isso é muito ruim por várias razões, mas, no que concerne ao dia das eleições propriamente dito, o principal ponto negativo é que poderá haver muitas abstenções e votos em branco prestados por quem não queria nem Lula, nem Bolsonaro. Quanto ao tema do voto útil, o que está havendo é que, para evitar o prolongamento da briga que tem marcado esse pleito ou o risco da vitória do candidato que se rejeita, muitas pessoas estão optando por já resolver tudo no primeiro turno.

Quando se inventou o sistema de eleições em dois turnos, a ideia era que no primeiro turno seria uma votação por convicção – eu voto em quem acho melhor, enquanto no segundo turno seria uma votação por rejeição – eu voto no menos pior. O problema é que estamos em um ambiente político nacional tão inflamado que a polarização trouxe esse voto por rejeição logo de cara. Lamentavelmente, a rejeição a Lula ou a rejeição a Bolsonaro é tão forte que o apoio a Ciro Gomes ou a Simone Tebet não foi capaz de vencer esse sarrafo. Ciro Gomes e Simone não conseguiram se tornar adversários de Lula ou Bolsonaro, mas a rejeição destes se provou ser sua maior inimiga, de fato.

Para a eleição de governador, claramente podemos escapar deste antagonismo mentiroso entre os grupos petistas e bolsonaristas. Se de um lado, há Lula na forma de Haddad e, do outro, há Tarcísio em forma de Bolsonaro, no meio do caminho há o atual governador Rodrigo Garcia. Claramente, votar em Rodrigo no primeiro turno é uma forma de escaparmos desta falsa rachadinha partidária que há entre quem diz ser de direita e quem diz ser de esquerda e deixar claro que não queremos participar e nem incentivar essa divisão. Pouco importa quem vá a segundo turno nas eleições estaduais em São Paulo, mas é muito importante que fique claro que não queremos, nem aceitamos essa cisão que Lula e Bolsonaro incentivam com tanto gosto entre nossa gente.

Mas muito mais importante do que as eleições para os cargos executivos de Governador e Presidente, são os cargos legislativos de deputado estadual, deputado federal e senador. Afinal, tudo o que o governante quiser fazer deve passar pelo crivo do parlamento. Então, é muito importante que escolhamos bem em quem vamos votar para a Assembleia Legislativo e para o Congresso Nacional. É preciso levar em conta ainda que não devemos considerar apenas o voto em nosso amigo querido, mas também prestar atenção em seu partido e em seus parceiros de chapa. Graças a um cálculo intrincado e bem complicado, quando se vota em alguém para deputado, você acaba votando na verdade no grupo que ele faz parte, de tal forma que você pode, ao escolher uma pessoa pelo seu coração, estar ajudando uma pessoa que você não queria a se eleger.

Se Sérgio Salvagni fez ou não campanha pelo voto útil nas eleições de 2004, não importa. Importa que você faça como dizem que ele fez naquela época e incentive seus amigos a irem às urnas para deixar seu voto a quem poderá fazer a diferença para nossa gente. Tudo isso sem briga, sem xingar ninguém e respeitando os resultados. Tenhamos em mente que as eleições são a festa de democracia!

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.