22 de dezembro de 2024
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Artigo: Barquinhos de papel

Por: Rodrigo Segantini*

Em outubro, teremos eleições para presidente, governador, um senador, deputado federal e deputado estadual. Nos últimos quarenta anos, em Taquaritinga, tais disputas nunca causaram tanto fervor. Somos uma cidade com perfil mais conservador e sempre tivemos candidatos bem definidos com expressiva votação por aqui, alinhados com nossa gente. Então, por mais paixões que se aflorem por aí sobre a beligerância que há entre bolsonaristas e lulistas enquanto os que esperam uma terceira via consistente correm por fora, isso não deverá incendiar as hostes políticas taquaritinguenses.

Porém, o que ninguém tem se dado conta é que a verdadeira movimentação que há no jogo dos tronos local são os posicionamentos daqueles que anseiam se sentar na cadeira do prefeito. É certos que as eleições federal e estadual não influem tanto assim no resultado municipal, contudo a organização das peças no tabuleiro neste momento pode indicar os próximos passos daqueles que estão esquentando seus motores na corrida para o primeiro lugar do Paço Municipal ou ainda dos que querem se cacifar antes de lançar suas fichas sobre seu nome na mesa do crupiê eleitoral.

Essa discussão pode enfraquecer de alguma forma o prefeito Vanderlei Mársico. Afinal, como ele ainda é o comandante da máquina administrativa, quando surgem nomes para sucedê-lo, dependendo de quem se trata, isso pode sugerir que há um descrédito ou um descontentamento pesando contra si. Por outro lado, alguém que lhe seja favorável ou que venha do seu lado poderá, além de servir como régua de seu prestígio, servir para defendê-lo e defender sua gestão quando os candidatos se engalfinharem em busca dos eleitores. Por outro lado, por mais que Vanderlei queira evitar esse assunto neste momento, ele é inevitável, haja vista que, estando em seu segundo mandato, não poderá ele próprio buscar sua reeleição.

Tenente Lourençano e Rodrigo di Pietro e Caio Forcel claramente se apresentam como nomes que se levantam na oposição para suceder Vanderlei. Com pertinência e vigor, os dois resistem às proposituras do prefeito com ponto de vista bastante claros, o que não dizer que estejam o tempo todo certos. Por mais que o governante não goste de ter quem os admoeste ou os critique, a verdade é que são necessários para que façam o contraponto e permitam não apenas a reflexão dos atos de gestão, como também, de alguma forma, garantam sua correição, o que acaba servindo como custódia dos interesses públicos.

Pelo lado da situação, há um nome que vem crescendo merecidamente. Por mais que outros estejam desesperadamente bajulando Mársico em busca de sua benção sacral, o vice Luiz Fernando desponta como o favorito para ser o próximo alcaide taquaritinguense. Além de contar com a experiência de quem já foi vereador, sua atuação nesta gestão quase como co-prefeito contam muito em seu favor. Deve ser levado em conta que é alguém respeitado no meio empresarial e é visto como um bom amigo, um bom pai, um bom marido. Vindo do grupo político que Paulinho Delgado liderou em sua passagem pela prefeitura e responsável por trazer Vanderlei de volta ao jogo em 2016, Luiz Fernando tem tudo para ser o herdeiro do espólio que houver destes dois líderes municipais.

Outros nomes evidentemente surgirão no caminho. Daqui até meados de 2024 passarão quase quatro séculos no tempo da política. Nada do que foi dito acima pode estar valendo daqui seis meses. Isso aqui foi feito mais pelo exercício, mais para provocar, para que a gente passe a pensar a respeito do que há ao nosso redor. Contudo, não deixa de ser verdade. Apesar disso, essa veracidade só prevalecerá após sobreviver ao crivo das eleições deste ano e se houver uma concentração das chamadas “forças vivas” da cidade em torno de alguma destas ideias. Tem muita água para passar embaixo da ponte, mas isso não quer dizer que já não tenha gente colocando seus barquinhos de papel na corredeira.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.