15 de novembro de 2024
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Cervejando – Projeto Manipueira busca na mandioca o terroir brasileiro da cerveja

Por: Monali Bassoli*

A Abracerva – Associação Brasileira de Cervejas Artesanais, está empenhada na mais ampla busca pelo terroir das cervejas brasileiras. Para isso, a entidade abraçou o Projeto Manipueira, que incentiva cervejarias locais a utilizarem a microflora presente na mandioca para criar cervejas únicas, fermentadas por leveduras e micro-organismos selvagens. Vinte e duas fábricas de dez estados brasileiros já aceitaram o desafio.

O projeto nasceu de uma parceria entre as cervejarias Cozalinda (Florianópolis – SC) e Zalaz (Paraisópolis – MG), especialistas em fermentação selvagem e uso de barris de madeira, e chegou à Abracerva pelas mãos do Sommelier Jayro P. Neto, conselheiro da entidade e vencedor do 5º Concurso Brasileiro de Sommelier, em 2019.

Tendo como inspiração o cauim, fermentado produzido pelos povos originários, a busca pelo terroir brasileiro terá como base a manipueira, liquido extraído da mandioca no processo de fabricação da farinha. Tóxica quando in natura, a água de manipueira após fermentada é um dos ingredientes do tucupi, iguaria típica da Amazônia marcante por sua acidez.

“Esta será a primeira e a maior exploração sobre cervejas com terroir no Brasil até agora. Cada cervejaria irá cultivar sua própria microflora que irá resultar em cervejas únicas e absolutamente locais,” explica Diego Rzatki, da cervejaria Cozalinda. “A mandioca foi escolhida justamente por ser uma fonte comum de microrganismos, encontrada em todo o Brasil,” detalha.

Para que as características da fermentação por microrganismos se expressem ao máximo em cada cerveja, a receita seguirá parâmetros e insumos fixos, como maltes simples e lúpulos de baixo amargor. A ideia é que as cervejas sejam produzidas ao mesmo tempo, no início da primavera, em cada uma das fábricas e passem pelo processo de fermentação lento, em barris de madeira, que é típico das cervejas selvagens. A meta é que as produções estejam no mercado após 12 meses.

Já aderiram ao projeto as cervejarias Alem Bier (Flores da Cunha – RS), Amazon Beer (Manaus – AM), Caatinga Rocks (Maceió – AL), Cerveja Blumenau/Mestres do Tempo (Blumenau – SC), Cervejaria Cabôca (Belém – PA), Cervejaria Kairós (Florianópolis – SC), Cervejaria Narcose (Capão da Canoa – RS), Cervejaria Prisma (Campo Limpo Paulista – SP), Cervejaria Tarantino (São Paulo – SP), Cozalinda Cervejaria (Florianópolis – SC), Devaneio do Velhaco (Porto Alegre – RS), Donner (Caxias do Sul – RS), Fermentaria Local (Janiru – SP) Hop Mundi (Natal – RN), Infected Brewing Co (Santos – SP), Japas Cervejaria (São Paulo – SP), Proa Cervejaria (Salvador – BA), Quinta do Belasca (Pinhalzinho – SC), Suricato (Porto Alegre – RS), Trilha Cervejaria (São Paulo – SP), Waybeer (São José dos Pinhais – PR) e Zalaz (Paraisópolis – MG).

Lembrando que meu e-mail [email protected] está aberto para sugestões e dúvidas e que esta coluna e todas as outras já publicadas podem ser lidas no meu blog: etudocomida.tumblr.com

*Monali Bassoli é jornalista e sommelière de cerveja – [email protected]

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.