19 de novembro de 2024
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Junho: há tempo para edificar-se?

Metade do ano foi-se. Mas qual o motivo da pressa se a vida é um leva-e-traz?

Lembro-me quando moleque (variação linguística regional), no interior paulista, a terra secava-se, os postos, farmácias, benzedeiras e hospitais enchiam-se. Era sinal de que junho adentrava e com ele o frio. Porém, surgiam as festas caipiras, os doces, os quitutes, as bebidas típicas, quanta emoção…

Quermesses pelos distritos (Jurupema ou Guariroba?), bairros exaltando os santos católicos: Antônio, João e Pedro. Cidade colorida apesar das adversidades meteorológicas.

Hoje a secura é humana, o vazio trazido pelo minuano que assovia (aqui do quarto andar da sala de aula escuto nitidamente o seu canto assoviado), reflete a alma solitária, amarga, ferida. As cores deram lugar ao cinza, o chumbo se espalha e contamina o que era azul; o passado já não inspira mais. Se desejo ver o que foi uma Festa Junina vou ao Google (“O google é o meu pastor, nada me faltará”), o folclore não inspira, não motiva, não leva a imaginar. Tudo está imaginado (acreditam). Danças, comidas típicas, vestimentas específicas fazem parte do museu, da história, da arcaica vida retrógada.

É triste olharmos para o futuro, em direção ao horizonte e nada conseguirmos visualizar…chegou esse dia em que o Homem nada mais teria a se lembrar e consequentemente não conseguiria estruturar-se, edificar-se.

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.