Artigo: Relutância Perigosa
Por: Luís Bassoli*
Já escrevi, por várias vezes, sobre a semelhança entre o nazifascismo europeu do século 20 e o bolsonarismo brasileiro do século 21.
O fascismo surgiu na Itália, no início do século passado, quando o jornalista Benito Mussolini se apropriou do termo “fascio” (fasces, em latim), originário do República Romana, que designava um feixe de varas, amarradas um machado, que simbolizava o poder dos juízes de bater e decapitar os cidadãos que julgavam ser “desobedientes”.
Anos depois, o jovem soldado – e artista frustrado – Adolf Hitler, austríaco de nascimento, se inspirou no fascismo italiano e fundou o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, conhecido como Nazi. Com a crise econômica e o caos social que se abateu sobre a Alemanha após a derrota na 1.ª Guerra Mundial, a elite alemã passa a apoiar as ideias de Hitler, por medo de uma revolução comunista no país.
Nas eleições, o Partido Nazista conquista maioria no parlamento, e o presidente da Alemanha convida o presidente do partido, Adolf Hitler, para formar o governo – até que se instala o regime do terror.
As primeiras vítimas do ódio hitlerista foram os políticos da esquerda, a começar pelos comunistas; e segui-se a perseguição aos deficientes mentais, judeus, ciganos, negros e todos que se opunham ao seu autoritarismo.
Tanto na Itália fascista quanto na Alemanha nazista, as forças progressistas e democráticas “relutaram” em se unir para enfrentar o mal – o resultado, a História mostrou.
A brutalidade da 2.ª Guerra se deu por iniciativa do pacto entre Hitler e Mussolini, com a adesão do Imperador Japonês, e impôs a união dos defensores da civilidade, dos capitalistas/liberais aos comunistas, notabilizada pelo “Triunvirato” Roosevelt-Churchill-Stalin, que superaram suas notórias divergências políticas para derrotar o nazifascismo.
O bolsonarismo brasileiro é semelhante ao nazifascismo: extremismo de direita, nacionalismo exacerbado, aversão à democracia etc.
Nas eleições de 2018, critiquei a decisão de PT e PCdoB, principais partidos da esquerda, de não apoiar a candidatura de Ciro Gomes, que teria mais chance de vencer bolsonaro no segundo turno.
A vitória do ex-capitão trouxe o caos social e a violência ao nosso cotidiano.
Agora, a situação é outra, a relutância mudou de lado: Ciro Gomes é quem vacila em apoiar Lula, o que poderia derrubar o bolsonarismo já no primeiro turno.
O que a História nos mostrará?
* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.