20 de dezembro de 2024
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Artigo: Fevereiro – Cinzas

Por: Dr. Luiz Roberto Vasconcellos Boselli

“E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome.” (Carolina Maria de Jesus – Quarto de despejo.)

Novamente viveremos as cinzas da quarta-feira de cinzas – sem as desejadas folias de Momo. Os confetes ainda continuarão inertes nos seus saquinhos e as serpentinas permanecerão enroladas (mesmo não sendo políticas).

Em abril talvez teremos carnaval, isto é, se não surgir outra variante do “velho” CORANA, que pode colocar a proposta carnavalesca a chuva abaixo. Em tempo, também, continuaremos a assistir, horrorizados e tristes, a produção de cinzas pela sistemática queima dos biomas – Serrado – Pantanal – Amazônico! Foram divulgados pelas mídias que o ano pandêmico que passou, os mais ricos, ficaram mais ricos e, os mais pobres, mais pobres ainda.

Por conta do cenário econômico provocado pelo momento pandêmico que trouxe de volta o flagelo do desemprego – muitos foram morar na rua, aumentando sobremaneira o contingente já existente. Somado, a este agrupamento, o crescente número de pessoas que perderam suas casas pelos catastróficos temporais.

E a fome, violentamente, reapareceu no cenário cotidiano mostrando inesquecíveis cenas de pessoas disputando ossos bovinos. Acontecimentos que surgiram no chão do cotidiano e mostra a reinstalação da Insegurança Alimentar. Graças a inúmeras ONGS, Associações, Fundações e, outros agentes civis e instâncias privadas este cenário está se alterando.

Até 2018 o Brasil não estava mais no Mapa da Fome, entretanto, a partir deste mesmo ano o Brasil voltou para o Mapa de Fome – fato inusitado e sem precedente: um país sair do Mapa da Fome e depois voltar, (FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação da Agricultura).

A FAO aponta três graus de Insegurança Alimentar: Insegurança Leve (incerteza quanto à capacidade de manter o padrão alimentar); Insegurança Moderada (incerteza quanto à capacidade de manter o padrão alimentar, com quantidade e frequência reduzidas) e Insegurança Grave (não são consumidos alimentos em um dia inteiro ou mais).

O Projeto Fome Zero, pluripartidário, trouxe na sua estratégia o nobre objetivo da Segurança Alimentar. Segurança alimentar: capacidade normal de manter-se alimentado.

Até então, o Bolsa Família e diversos Programas complementares estavam em desenvolvimento, tais como: Programa de estoques de regulação da Conab baseado em compras da agricultura familiar; Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar; Programa de Aquisição de Alimentos, priorizando a compra de alimentos de agricultura familiar para doações ou merenda escolar; Programa de Cisternas; …., pois bem, estes e outros,  ficaram à mingua de recursos ou foram ou extintos pelo governo do mandatário mor – o Devastador.

Governo, de caras de paus, pois, com objetivos sórdidos e eleitoreiro está retomando alguns dos Programas que, eles mesmos esvaziaram de recursos ou extinguiram. E, agora, distribuindo o Auxilio Brasil, apenas econômico e sem projetos complementários. A exploração e a perpetuação da pobreza para concretizar projetos ego eleitoreiros.

Aliás, para o “deleite e o regalo” dos políticos que realimentam a pobreza com fins eleitoreiros – o Objetivo principal da ONU para o próximo milênio: Erradicação da Pobreza! E como é de costume, o mandatário mor – o Devastador, abusou de delongas, objetivando o atrasamento da vacinação infantil, mostrando mais uma vez a sua desabonada posição antivacina, que denota uma postura ignóbil, retrógada e robusta ignorância.

E o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, concebeu uma obra surreal a favor da antivacina: o disque-denúncia a antivacina. Felizmente, a grande maioria de pais, cônscios de sua responsabilidade, estão abarrotando os locais de vacinação infantil.

VACINA SIM! – VACINA SEMPRE!

*Dr. Luiz Roberto Vasconcellos Boselli é docente da Unesp/Marília –  [email protected]

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.