Artigo: Dias de Dezembro # Cotidiano Natalino
Por: Dr. Luiz Roberto Vasconcellos Boselli*
Dias de brilhantes vitrines. Sedução comercial dos dias natalinos. Todas as lojas, apesar da presente e acachapante carestia, esperançosas. Brilho nos olhos infantis. Desejosos olhares infantis. Antes a esperança vigora geral, depois a esperança esmorece, para muitos. Lagrimosos olhares sem brilho. Muitos destes olhares, perdidos no vazio, pertencem a crianças abandonadas por seus parentes.
Esta Aberração Humana (entre outras com crianças), em nossa crônica histórica Brasil, aparece desde a era colonial, quando era comum encontrar bebês largados em ruas, becos e portas de casa ou em rios, mangues e no lixo. Havia a possibilidade de alguém recolher o neném e criar (hoje também acontece). Os três últimos configuram a eliminação das crianças.
Os recém-nascidos jogados nas ruas corriam risco de ser devorados por cães e porcos que vagavam pela cidade. Naquela época, o abandono de bebês, muitas vezes era para preservar a honra de moças de família e falta de recursos para criar mais um filho eram motivos do abandono de bebês ou do infanticídio no período colonial.
Quando as crianças nasciam com alguma deficiência também eram abandonadas. Naquele momento histórico, existiu a Roda dos Expostos que foi instituída em vários lugares, sendo que as cidades do Rio de Janeiro e Salvador foram pioneiras na criação dessa instituição. As rodas tinham como objetivo caritativo-assistencialista o recolhimento de crianças abandonadas para que estas não morressem jogadas à própria sorte, à mercê do frio e vítimas de animais.
A Roda era um cilindro de madeira que girava em torno de um eixo e era repartida ao meio ou em quatro partes. Sendo colocada dentro da parede de um prédio, ou mesmo em um muro, permitia a introdução das crianças, sem que o depositário e o recebedor fossem vistos, e, portanto, reconhecidos. Ao lado da Roda, na parede, havia uma sineta, que era tocada pela pessoa que depositava a criança em uma das partes da Roda.
Entre as maiores causas que levavam crianças e adolescentes a serem abandonados estão: Gravidez inesperada ou indesejada, abandono do parceiro (a), falta de planejamento familiar, ausência de condições econômicas ou psicológicas, mães que foram vítimas de abuso ou violência sexual, porém, casos que envolviam dependência química, eram a principal causa de abandono quando se trata de negligência infanto-juvenil.
As mesmas razões se repetem nos dias de hoje! Além do abandono, muitas crianças são vítimas ludibriadas por diversas e intermináveis súcias de pedófilos, aliciadas e vitimadas para abuso sexual por biltres e hipócritas religiosos, as centenas, aos milhares e durante anos, anos, anos … A mais recente modalidade de sofrimento de crianças, de todo o planeta, é a orfandade adquirida durante a devastadora pandemia – que estas crianças possam ter um ano novo que traga plena felicidade.
Há algum tempo atrás, apareceram os órfãos da obra do anel rodoviário da Capital (São Paulo). Outro flagelo que atinge o universo infantil é os altos índices de mortalidade. É um problema social que ocorre em escala global, no entanto, as regiões pobres são as mais atingidas. Sabemos, também, que muitas crianças morrem por arma de fogo (as negras são as maiores vítimas).
É triste, ver um balanço vazio, balançando ao vento. Entre os principais motivos estão: a falta de assistência e de orientação às grávidas, a deficiência na assistência hospitalar aos recém-nascidos, a ausência de saneamento básico (desencadeando a contaminação de alimentos e de água, resultando em outras doenças) e desnutrição. Esta calamidade, no Brasil, tristemente está presente em todas as nossas regiões, no entanto, as regiões que aparecem com os índices mais elevados são as do Nordeste e do Norte.
É assaz interessante que estas regiões, que ainda mantem estes índices altos, serem as regiões que sempre tiveram representantes no Congresso Nacional. OH! Que espúria coincidência, já que justamente, são estas regiões que tem como representantes: O CENTRÃO. Tantos anos no Congresso Nacional, emendas para lá, para cá, para acolá e nada das condições de vida da, sempre na miséria, população melhorar.
Nas regiões/territórios dos coronéis e neo coronéis a manutenção da miséria é sempre uma proposta política, pois as pessoas continuarem pobres é que, esta condição de dependência se mantenha, pois ela é necessária para que a eleição continue frequente dos calhordas representantes legislativos de ambas regiões; caçambas mantém o estado de dependência política.
Crianças ingênuas acreditam em Papai Noel. Os incautos adultos acreditam fielmente em messias, e mesmo que seja desmascarado e confirmem a sua falsidade e sua marca de embusteiro e golpista, estes pobres seres humanos não deixam de idolatrar o falsificado messias e, mesmo que ele tenha se filiado a um partido político, que é um ninho de corruptos e adeptos do infame fisiologismo, de longa data, e ainda nos tempos atuais. Assim, os seus asseclas formam o seu lumpesinato.
Enfim, apesar deste nefasto ano, desejo um excelente NATAL DE REENCONTROS E DE ABRAÇOS, em família, e com saúde, principalmente para quem se vacinou adequadamente. E um Ano Novo que traga alvíssarasmente tempos de paz, harmonia, tolerância total – e traga a verdade sempre prevalecendo! VACINA SIM! – VACINA SEMPRE!
*Dr. Luiz Roberto Vasconcellos Boselli é docente da Unesp/Marília – [email protected]
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.