22 de novembro de 2024
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Artigo: Já não passou da hora de integrar inovação e sustentabilidade?

Por: Marcelo Nakagawa*

Inovação e sustentabilidade em organizações surgem no mesmo contexto, têm dinâmicas parecidas e buscam resultados semelhantes. Ambas ganham importância quando a lógica do negócio atual precisa ser repensada ou há grandes oportunidades que demandam novas soluções. As duas lidam com soluções quase sempre inéditas para a empresa e, potencialmente, também para o mercado. Tanto a inovação quanto a sustentabilidade procuram criar vantagens competitivas para o negócio.

Mas por que muitas firmas as tratam de forma independente, sobretudo neste momento, em que as inovações precisam ser mais sustentáveis e as iniciativas de sustentabilidade, mais inovadoras? Mais do que buscar justificativas na histórica falta de inteligência organizacional ou no egocentrismo irracional dos seus gestores, já não passou da hora de alavancar as sinergias entre as iniciativas de inovação e sustentabilidade?

Isso deveria começar pela definição do propósito da companhia, de sua evolução e do papel da inovação e da sustentabilidade como pontes para esse futuro. Adicionalmente, é preciso definir o que são esses termos, seus objetivos, indicadores e, depois, as metas de cada membro do time.

Além disso, é preciso estabelecer os principais processos de inovação e de sustentabilidade. Três horizontes de inovação, Funil de Inovação, Lean Startup, Design Thinking, Inovação Aberta, Scrum e outras abordagens podem apresentar bons resultados em projetos de sustentabilidade, dada a dinâmica inicialmente incerta de ambas.

Também é preciso considerar a formação de colaboradores mais inovadores e mais comprometidos com a sustentabilidade. Além dos treinamentos e de outras vivências educacionais, é preciso desenvolver pessoas que estejam abertas e saibam prototipar soluções mais inovadoras e sustentáveis, que aprendam rápido e que sejam mais ágeis no desenvolvimento dessas iniciativas.

Por fim, é fundamental estabelecer políticas que orientem e consolidem uma cultura organizacional mais inovadora e sustentável. Isso implica repensar processos de seleção, avaliação de desempenho, relacionamento com clientes, fornecedores, parceiros e até com concorrentes. Essas políticas é que sustentarão o propósito de inovar e ser mais sustentável.

Como cresce o número de empresas que assumem compromissos cada vez mais audaciosos associados a aspectos ambientais, impactos sociais e padrões de governança (ESG), iniciativas sustentáveis serão cada vez mais inovadoras. Daí porque inovação em sustentabilidade que atrasar não adiantará.

*Marcelo Nakagawa é professor de empreendedorismo, inovação e sustentabilidade do Insper, FDC, FIA, Unicamp e Vanzolini.

**O artigo foi publicado na edição de novembro da Revista Indústria Brasileira.

***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.