22 de dezembro de 2024
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Artigo: A cruz de cada um

Por: Ricardo Viveiros*

Todos os humanos, em distintos níveis de cultura e educação, têm símbolos. Pessoais e coletivos. A palavra símbolo tem origem no grego “symbolon”, que designa algo concreto para representar algo abstrato (étnico, pátrio, religioso, esportivo, medidas de tempo ou matéria etc.).

A comunicação tem nos símbolos um elemento muito importante. Há os limitados a pequenos grupos, outros são conhecidos internacionalmente. Alguns objetos ou órgãos se tornaram símbolos, e são reconhecido visualmente de imediato. Por exemplo, um garfo e uma faca como identificação de um restaurante. Uma tesoura e um pente como identificação de um salão de beleza. O coração como referência de amor. Há também símbolos sonoros e gestuais.

Antropólogos descobriram no sítio arqueológico de Howort em Poort Shelter, perto de Grahamstown (África do Sul), símbolos gravados em cascas de ovos de avestruz há mais de 60 mil anos. Seriam o mais antigo sistema de representação de fatos que se tem notícia. A semiótica é a disciplina que se ocupa do estudo dos símbolos. Outras disciplinas especificam metodologias de estudos na mesma área, como a semântica que se ocupa do simbolismo nas palavras empregadas na linguagem, ou a psicanálise que, entre outros, se dedica à interpretação do simbolismo no imaginário das pessoas.

Ao longo da história das religiões, símbolos foram criados como forma de preservação e expansão do Evangelho entre os povos. A cruz é o mais significativo dentre todos. Ela faz parte da história da humanidade, tendo sua origem pagã na escravidão e no castigo aos criminosos da época. Seu princípio como imagem, portanto foi ruim. Símbolo do mal, daqueles que por descumprirem as leis eram mortos na cruz.

Essa pena capital teve seu ápice no ministério de Cristo, pois ele foi levado à cruz. Esse símbolo máximo do cristianismo faz parte do nosso dia a dia como cristãos e das nossas considerações a respeito da fé. O apóstolo Paulo, convicto da necessidade de difundir o Cristo que passou pela cruz, declarou à comunidade de Corinto que “Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”.

A cruz com o cristo pregado e a cruz vazia têm significados diferentes para os cristãos. É o símbolo mais famoso do cristianismo, usado como uma lembrança do sacrifício feito por Jesus Cristo pela humanidade. Também representa a vitória do Filho de Deus sobre a morte e pode ser apresentada com a imagem do próprio Cristo crucificado (leva o nome de crucifixo). A cruz vazia significa Cristo renascido.

Cada um de nós carrega uma cruz ao longo da vida, seja qual for o caminho que escolheu para trilhar. Ela pode ser mais leve ou mais pesada. O importante é saber torna-la parte de sua trajetória e símbolo de sua fé, esperança. Nela será escrito, a cada passo, o que você fez de bom e de ruim, ou o que você deixou de fazer. A cruz é parte de nosso ser, um símbolo invisível que está presente em cada um de nós.

São muitas as cruzes que a humanidade carrega, de modo coletivo ou individual. Olhe para o lado e ajude a quem pode estar precisando. Há cruzes muito pesadas…

*Ricardo Viveiros é jornalista, escritor e professor. Doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e autor de vários livros, entre os quais: “A Vila que Descobriu o Brasil”, “Pelos Caminhos da Educação” e “O Poeta e o Passarinho”.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.