22 de dezembro de 2024
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Artigo: Brasil pode liderar a economia de baixo carbono

Por: Robson Braga de Andrade*

As atenções do mundo inteiro estão voltadas para Glasgow, na Escócia, onde os países-membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) se reunirão, em novembro, na busca de um consenso sobre o rumo a ser tomado na direção do desenvolvimento sustentável. Na COP26, próxima conferência da ONU que tratará do tema, os líderes globais discutirão estratégias para a implementação do Acordo de Paris, o marco mais importante das negociações internacionais sobre o clima.

Segundo estudos divulgados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), esta década será decisiva para respondermos, de modo adequado, aos desafios impostos pelo aquecimento global. Os relatórios do painel apontam a necessidade urgente de países, empresas e sociedades adotarem ações consistentes para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa.

O Brasil sempre foi protagonista na agenda ambiental e continua tendo enorme potencial para atuar firmemente nesse campo. O patrimônio natural e os feitos brasileiros não são nada triviais. Temos 62% do território nacional coberto por vegetação nativa e a maior disponibilidade hídrica do mundo (12% das reservas do planeta). Nossa matriz de energia elétrica conta com 85% de fontes renováveis. Somos o segundo maior produtor de biocombustíveis.

Embora já seja responsável por uma baixa intensidade de emissão de carbono, a indústria brasileira compreende a importância do seu papel nos esforços internacionais pela adoção de uma economia descarbonizada. Por isso, vários segmentos industriais têm encarado como prioridade diminuir a emissão de gases prejudiciais à natureza. As empresas também estão executando planos para utilizar melhor os insumos e reciclar mais materiais, combatendo desperdícios.

Limitar o aumento da temperatura no planeta, nos termos dos acordos da ONU, exige ações efetivas, tanto de governos como de empresas e da sociedade, na direção de cuidar do meio ambiente com mais diligência. É preciso investir em inovação e tecnologia, além de promover mudanças nas estruturas de produção e nos modelos de negócios. As pessoas estão sendo chamadas a adaptar seus padrões de consumo, gastando menos energia, reutilizando água e dando preferência a produtos fabricados de maneira ecologicamente correta.

Essas transformações são instigantes e geram diversas oportunidades, como ressalta o Instituto Amazônia+21, uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade apoiará projetos empresariais, buscando soluções tecnológicas que combinem a conservação da Floresta Amazônica, o crescimento econômico e a geração de emprego e renda, sobretudo para os brasileiros que vivem naquela região.

No plano mais amplo, a CNI entende que a consolidação, no país, de uma economia de baixo carbono que seja dinâmica e próspera deve se basear em quatro pilares: transição energética, precificação de carbono, economia circular e conservação das florestas. É necessário definir uma estratégia nacional para enfrentar inteligentemente os desafios provocados pela mudança do clima. O Brasil reúne plenas condições de liderar a mobilização global na direção do desenvolvimento sustentável, com nítidos benefícios para todo o planeta.

*Robson Braga de Andrade é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

**O artigo foi publicado na edição de outubro da Revista Indústria Brasileira.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.