22 de dezembro de 2024
GeralMomento MulherSaúde

17 Perguntas sobre câncer de mama

A FEMAMA, sempre empenhada em disseminar informações de qualidade, divulga perguntas e respostas sobre o câncer de mama para orientar mulheres sobre sintomas e tratamentos

As mulheres têm muitas dúvidas sobre o câncer de mama, por isso a FEMAMA – Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama preparou um texto com perguntas e respostas sobre o tema. As questões foram respondidas pela presidente voluntária da entidade e chefe da mastologia do Hospital Moinho de Ventos, dra. Maira Caleffi.

“Quanto mais as mulheres souberem sobre câncer de mama, mais rápido procuram ajuda médica”, diz dra. Maira. “Por isso a FEMAMA está sempre empenhada em disseminar informação de qualidade.”

  1. A mamografia de rotina em mulheres deve ser feita partir de qual idade?

As sociedades médicas nacionais e internacionais recomendam a realização da mamografia bilateral de rastreamento (rotina) a partir dos 40 anos anualmente como a forma mais eficiente para a detecção precoce do câncer de mama, nas mulheres em geral. Infelizmente a recomendação do Ministério da Saúde para a realização anual do exame de mamografia de forma preventiva pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é restrito a mulheres dos 50 a 69 anos, sendo que dados de séries brasileiras de pacientes com câncer de mama relatam que 40% dos casos novos acontecem em mulheres com menos de 50.

A detecção precoce do câncer de mama aumenta a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com taxas de cura mais altas.

  1. Toda mulher com familiares que tiveram câncer de mama deve fazer teste genético?

Existem indicações para realizar o teste genético, com base em fatores de risco da paciente. O risco aumenta se a paciente tem parentes de primeiro grau com câncer de mama, ovário, pâncreas, próstata ou melanoma, mas também é importante saber se os familiares apresentam alguma mutação genética hereditária e a idade que tiveram o diagnóstico de câncer. Importante lembrar que essas pacientes devem fazer o aconselhamento genético com um médico geneticista.

  1. Uso de próteses de silicone aumenta o risco de câncer de mama?

Os implantes mamários não foram associados ao aumento do risco dos tipos mais frequentes de câncer de mama. No entanto, foram associados a um tipo raro de linfoma não-Hodgkin denominado linfoma anaplásico de grandes células associado ao implante mamário, que pode se formar no tecido da cápsula ao redor do implante. Esse linfoma parece ocorrer com mais frequência em implantes com superfícies texturizadas do que com superfícies lisas. É aconselhável realizar consultas e exames periódicos com o mastologista quando a mulher tiver implantes mamários.

  1. Quais os sintomas e sinais de câncer de mama?

O sintoma mais comum do câncer de mama é o aparecimento de um nódulo, porém existem outros sinais suspeitos de doença, como inversão ou descamação do mamilo, presença de secreção clara ou sanguinolenta pelo mamilo, inchaço e vermelhidão da mama, retração da pele da mama, linfonodos (ínguas) axilares salientes.

É importante que a mulher conheça suas mamas e se perceber qualquer diferença nelas deve procurar um mastologista.

  1. Existem vários tipos de câncer de mama?

Sim, existem vários tipos de câncer de mama. Alguns se desenvolvem mais rápido,

enquanto outros crescem lentamente. A maioria dos casos, quando tratados precocemente, apresentam bom prognóstico. Hoje em dia é fundamental que se obtenha o perfil de alguns genes (informações no DNA) dos tumores antes de tratá-lo, até mesmo antes da cirurgia. Isso chama-se medicina personalizada, cada paciente tem um tipo de tumor e esse deve ser tratado adequadamente a partir dessas informações genômicas. É importante salientar que os homens também podem ter câncer de mama, porém é raro, representando apenas 1% ou menos do total de casos da doença.

  1. O uso de anticoncepcional aumenta os riscos de câncer de mama?

É discutível, mas estudos atuais apontam que o risco de câncer de mama aumenta temporariamente com o uso atual ou recente de anticoncepcionais orais combinados, mas essa associação desaparece em dois a cinco anos após a interrupção.

  1. O câncer de mama tem cura?

Sim, tem cura. Assim como praticamente todos os outros cânceres. Entretanto, a cura está relacionada de modo direto à possibilidade de se fazer um diagnóstico precoce e a qualidade do tratamento recebido. Um tumor pequeno de mama pode ter chances de cura em até 95%.

  1. É possível ter câncer mesmo sem sentir nada no autoexame?

Sim, inclusive em muitos casos a paciente não apresenta sintoma nenhum. O surgimento de um nódulo é o mais comum, porém existem outros sinais de que há doença. Lembrando também que podemos apresentar câncer de mama detectados a partir de microcalcificações, que geralmente são impalpáveis no exame físico, e por isso o exame mamográfico de rotina associado ao exame pelo médico é tão importante.

  1. Mães que amamentam podem ter câncer (durante a amamentação e após)

Sim. O câncer pode surgir em qualquer momento da vida, incluindo a fase de gestação ou lactação. Em relação às mulheres que amamentaram, os estudos apontam a amamentação como fator de proteção ao câncer de mama por atrasar o restabelecimento dos ciclos ovulatórios. Mas essa discreta diminuição do risco não altera a necessidade de exames de rotina anuais, mesmo se amamentaram.

  1. O câncer pode voltar mesmo após a mulher ter “alta”?

Sim. O câncer pode retornar mesmo após a realização de um tratamento que tinha o objetivo de cura, chamamos isso de recidiva. Ela pode ser na mesma região (mama ou axila), ou pode surgir em outros órgãos do corpo, o que é conhecido como metástase. A probabilidade do câncer voltar é maior quanto maior for o estágio ao diagnóstico (tamanho do tumor e envolvimento de células malignas nos gânglios axilares).

  1. Qual idade é mais comum a incidência de câncer de mama?

A idade, assim como em vários outros tipos de câncer, é um dos principais fatores que aumentam o risco de se desenvolver câncer de mama. É relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. O acúmulo de exposições ao longo da vida e as próprias alterações biológicas resultantes do envelhecimento aumentam o risco. Mulheres a partir dos 50 anos são mais propensas a desenvolver a doença até o final da vida.

  1. Quais os fatores de risco mais importantes na causa do câncer de mama?

Os maiores fatores de risco para ter câncer de mama são: iddade avançada, menstruação precoce e menopausa tardia, mulheres que não tem filhos, histórico familiar de CA em parentes de primeiro grau, tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, obesidade, uso de hormônios de forma prolongada, quem já fez radioterapia no tórax para linfoma.

  1. A reposição hormonal aumenta o risco de câncer de mama?

Sim. A terapia hormonal costuma ser usada em mulheres na pós-menopausa com o objetivo de melhorar os sintomas do climatério e reduzir a osteoporose. Porém, quando o uso de estrogênio e progesterona ocorre por tempo prolongado, ele compromete as alterações que as glândulas mamárias sofrem com o avanço da idade, o que aumenta o risco de câncer de mama.

  1. Parece que atualmente há um aumento na incidência de câncer de mama em mulheres jovens, por volta de 30 anos. Pode ter alguma relação com a dieta?

Alguns estudos sugerem que fatores dietéticos podem aumentar o risco de câncer de mama, não exatamente em mulheres jovens, mas na população em geral. Reforçamos sempre para fazer prevenção primária de câncer de mama, a importância de uma dieta saudável com controle de peso, como, por exemplo, ingerir fibras, legumes, frutas, limitar o consumo de açúcares, álcool e gorduras. O hábito do exercício físico regular também contribui com diminuição de risco para câncer de mama.

  1. Ingerir bebida alcoólica aumenta o risco de câncer de mama?

O alcoolismo aumenta o risco para o desenvolvimento da doença, sendo proporcional à dose alcoólica ingerida. Existem vários estudos demonstrando que uma dose de 10 gramas/dia (um copo de uísque, um copo de vinho ou uma cerveja) provoca um aumento de 7,1% no risco de câncer de mama. A razão do aumento da incidência da doença em usuárias de bebidas alcoólicas ainda não é clara, porém há associação com o aumento demonstrado dos níveis estrogênicos nessas mulheres.

  1. O que é a navegação de pacientes?

De forma resumida, o trabalho do navegador é atuar como uma espécie de “advogado” da linha de cuidado do paciente, guiando-o e “navegando-o” durante todo o tratamento, para atuar em tempo real e superar toda e qualquer barreira que possa existir e prejudicar o sucesso da terapia. A navegação de paciente oferece muitos benefícios para pessoas com risco ou com diagnóstico de câncer, como menor tempo para diagnóstico e início do tratamento, maior conhecimento do paciente e do cuidador referente à patologia, melhor adesão aos cuidados e melhoria da qualidade de vida.

Geralmente essa navegação é realizada por enfermeiros, porém, nada impede que pessoas leigas façam essa navegação sob a supervisão de um enfermeiro.

  1. Qual a importância da equipe multiprofissional no tratamento do câncer de mama?

A equipe multidiscilpinar é de extrema importância para o tratamento e acolhimento do paciente na totalidade da jornada do paciente. Ela é composta de médicos mastologistas, oncologistas, cirurgiões plásticos, radioterapeutas, radiologistas, psiquiatras, geneticistas, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos, que devem sempre estar alinhados. As pessoas tratadas num Centro de Câncer especializado (tanto no sistema de saúde público como no privado) tem mais oportunidades de cura e sobrevivência com qualidade de vida.