Disfunção erétil: um alerta para doenças cardiovasculares
Por: Dr. Marco Lipay*
Disfunção Erétil (DE) é a incapacidade de manter uma ereção adequada para um desempenho sexual satisfatório. A falha de ereção pode ser um sinal de alerta precoce para doenças cardiovasculares. Estudos recentes evidenciaram que homens com Disfunção Erétil apresentam maior probabilidade de sofrer um ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) ou apresentar problemas circulatórios nas pernas ao longo da vida.
Segundo publicações da Sociedade Americana de Urologia (AUA), estima-se que aproximadamente 30 milhões de homens nos Estados Unidos e 320 milhões no mundo apresentam algum quadro de disfunção erétil. Os fatores de risco para DE e Doenças Cardiovasculares (DCV) são bem conhecidos: envelhecimento, tabagismo, diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia (aumento de gordura no sangue), apneia do sono (suspensão momentânea da respiração), redução dos níveis de testosterona, depressão, obesidade e um estilo de vida sedentário.
Estudos científicos mostram que a Disfunção Erétil (DE) representa um marcador de risco para o homem desenvolver doenças ou até mesmo morrer por Doenças Cardiovasculares (DCV). Em recente revisão de cinco meta-análises e duas revisões sistemáticas que abordam a associação de DE com DCV, publicado em janeiro de 2021, foram encontrados maiores riscos de doença cardíaca, coronariana, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral em pacientes com disfunção erétil do que em outros pacientes. Além disso, quando a DE manifesta-se em homens mais jovens, ela prediz um aumento acentuado no risco de eventos cardíacos futuros em até 50 vezes, sugerindo que homens jovens com disfunção erétil, em particular, se beneficiariam do diagnóstico precoce e tratamento adequado para DCV e DE.
A seguir, citaremos fatores que podem ser relacionados ou diagnosticados em pacientes com disfunção erétil, a saber:
Hipertensão Arterial (pressão alta): Está presente em 38% a 42% dos homens com Disfunção Erétil e aproximadamente 35% dos homens com Hipertensão Arterial apresentam algum grau de Disfunção Erétil.
Dislipidemia (aumento de gordura no sangue): Níveis elevados de colesterol estão correlacionados em até 42,4% dos homens com disfunção erétil de moderada a grave.
Diabetes mellitus (aumento dos níveis de açúcar no sangue): A DE é uma das complicações mais comuns do Diabetes Mellitus, dependendo da gravidade e duração do diabetes. Estudos mostram que a DE pode variar de 20% a 85%, dependendo do período e população estudada. Segundo dados da AUA, em um Estudo de Envelhecimento Masculino, foi observado um risco três vezes maior para homens diabéticos evoluírem com DE quando comparados a não diabéticos na mesma faixa etária. Da mesma forma, os estudos científicos evidenciam que a presença de DE pode prever eventos cardiovasculares em homens diabéticos.
Apneia do sono: É um distúrbio que resulta na parada repentina dos movimentos respiratórios por tempo suficiente para acordar e diminuir a quantidade de oxigênio no sangue. Os distúrbios do sono podem resultar em sonolência diurna, aumento da frequência miccional noturna, fadiga, irritabilidade, dores de cabeça pela manhã, lentidão de pensamento, dificuldade de concentração e redução dos níveis séricos de testosterona (hormônio masculino), além de favorecer o aparecimento das doenças cardíacas e hipertensão arterial, que em última análise pode resultar em fator de risco para DCV e DE.
Podemos concluir que a Disfunção Erétil pode ser uma manifestação precoce de outras doenças e deve ser encarada como um importante sinal de alerta. O melhor tratamento é a prevenção, por isso não deixe de conversar com o seu Urologista. Ele saberá como melhorar a sua saúde sexual, bem como a saúde geral.
*Dr. Marco Aurélio Lipay é Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia e Autor do Livro “Genética Oncológica Aplicada à Urologia”.