22 de dezembro de 2024
EconomiaGeral

Parques brasileiros podem gerar aproximadamente 1 milhão de empregos no país

Segundo o Instituto Semeia, a visitação a parques nacionais e estaduais têm potencial de representar até R$ 44 bilhões no PIB do país.

Os parques brasileiros possuem um grande potencial para gerar riquezas ao país, de forma sustentável, inclusive funcionando como importantes vetores para a recuperação das atividades turísticas do país, tão afetadas pela pandemia, é o que aponta um estudo do Instituto Semeia, produzido pela consultoria internacional BCG.

Embora o potencial turístico dos recursos naturais brasileiros seja internacionalmente reconhecido, os impactos para a economia do país ainda são pequenos. Enquanto o Brasil ocupa a 2ª posição no mundo no que diz respeito a seu patrimônio natural, a participação do ecoturismo em parques no PIB nacional é de cerca de 0,14%. Mesmo o turismo como um todo representa apenas 7,7% de todas as riquezas produzidas no país.

A diversidade de sua vida selvagem, a atratividade dos ativos ambientais e a quantidade de Patrimônios Naturais da Humanidade, como o Pantanal e os parques nacionais da Chapada dos Veadeiros e Iguaçu, por exemplo, são fatores que fazem o Brasil ter uma posição de destaque no cenário mundial em termos potencial.

Parques naturais são unidades de conservação de proteção integral onde também ocorre visitação pública. É estimado que os parques nacionais e estaduais brasileiros receberam cerca de 13 milhões de visitantes em 2019. Mas esse número poderia ser muito maior. Com base em países onde o ecoturismo em parques trouxe bons resultados, estima-se que os parques brasileiros poderiam receber 56 milhões de visitantes, entre turistas nacionais e estrangeiros.

“Temos um patrimônio natural único no mundo e que pode ser melhor utilizado dentro de uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o país”, afirma Fernando Pieroni, diretor-presidente do Instituto Semeia, organização sem fins lucrativos que atua para transformar os parques do Brasil em motivo de orgulho para brasileiras e brasileiros. “Nessa estratégia, nossos parques podem ser os grandes vetores do desenvolvimento, muitas vezes em regiões afastadas dos grandes centros urbanos”, complementa Pieroni.

O crescimento no número de visitantes leva a uma ampliação nos gastos totais dos ecoturistas na região dos parques, uma vez que se aumenta também a demanda por alimentação, hospedagem, passeios guiados e outros serviços turísticos. Os resultados desse impacto na economia podem representar 978 mil postos de trabalho vinculados à visitação de parques naturais no país. O estudo “Quando Vale o Verde” sugere geração de cerca de 22 mil empregos a cada R$ 1 bilhão de impacto dos parques no PIB.

“O setor do turismo foi um dos mais afetados pela pandemia, de modo que a visitação em parques pode ser uma alavanca fundamental para a retomada do setor e da economia”, defende Pieroni.

O impacto total no Produto Interno Bruto do país é estimado em R$ 44 bilhões – ou 0,61% do PIB, em valores de 2019, – multiplicando em mais de quatro vezes a participação dos parques na economia do país. Considerando um efeito multiplicador de 3,1 a 3,8 de cada real dispendido, também de acordo com o estudo “Quando Vale o Verde” e considerando efeitos diretos, indiretos e induzidos desse dispêndio em parques sobre a atividade econômica nacional.

“Atingir esse potencial requer uma série de políticas públicas coordenadas, inclusive relacionadas ao ordenamento da visitação nos parques, para se evitar danos ao meio ambiente”, afirma Rodrigo Góes, coordenador de projetos do Instituto Semeia. “O fortalecimento da gestão de nossos parques é fundamental para que possamos receber cada vez mais visitantes e ao mesmo tempo conservarmos a natureza para as próximas gerações”, ressalta Góes.

Sobre o Instituto Semeia

Criado em 2011, o Instituto Semeia é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos. Com sede em São Paulo (SP), trabalha para transformar áreas protegidas em motivo de orgulho para brasileiras e brasileiros. Atua nacionalmente no desenvolvimento de modelos de gestão e projetos que unam governos, sociedade civil e iniciativa privada na conservação ambiental, histórica e arquitetônica de parques públicos e na sua transformação em espaços produtivos, geradores de emprego, renda, e oportunidades para as comunidades do entorno, sem perder de vista sua função de provedores de lazer, bem-estar e qualidade de vida. São pilares de sua atuação: a geração e sistematização de conhecimento sobre a gestão de unidades de conservação; o compartilhamento de informações por meio de publicações e eventos; a implementação e o acompanhamento de projetos com governos de todos os níveis, como forma de testar e consolidar modelos eficientes e que possam ser replicados no país.