27 de dezembro de 2024
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Julho verde: HPV amplia risco de câncer de boca entre jovens

Tumor maligno possui alta associação com a infecção pelo vírus do papiloma humano. Fique atento aos primeiros sinais e aos fatores que influenciam o seu aparecimento precoce

O tumor orofaríngeo – localizado atrás da boca e que inclui a base da língua, céu da boca, amígdalas e paredes laterais é considerado um dos tumores mais incidentes entre os jovens brasileiros de até 40 anos de idade.

Os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que dos 625 mil novos casos de tumores malignos esperados para 2021 na população, 15.190 deverão ser de câncer de boca e orofaringe. E apesar da redução na taxa global de novos casos destes tipos de câncer, a incidência dos diagnósticos relacionados à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) tem ascendido um sinal de alerta entre especialistas, se mostrando cada vez mais alta.

“O número de casos relacionados ao HPV vem aumentando em homens e mulheres. Vale lembrar que a transmissão desse vírus ocorre por meio da prática sexual oral sem proteção, o que reflete a necessidade de conscientização ampliada sobre o tema de forma ampla”, afirma Andrey Soares, oncologista do CPO Oncoclínicas. “O que temos observado é que o risco de desenvolver o tumor maligno entre os jovens têm crescido progressivamente ao longo dos últimos anos. Pesquisas mostram que, em média, o ápice da transmissão do vírus acontece na faixa dos 25 anos, sendo este um fator relacionado ao câncer que é totalmente prevenível a partir da conscientização sobre o assunto de forma ampla e massiva”, acrescenta o médico.

Neste sentido, Andrey lembra que existem vacinas que reduzem o risco de infecção por determinados tipos de HPV. Esses imunizantes foram inicialmente adotados como forma de diminuir o risco de câncer de colo do útero, um dos mais incidentes entre as mulheres, mas têm se mostrado úteis para diminuir o risco de outros tumores ligados ao papiloma humano, como o câncer de ânus, vulva, vagina, boca e garganta.

“Como estas vacinas só são eficazes antes que alguém esteja infectado pelo HPV, devem ser administradas em uma idade precoce, antes que a pessoa se torne sexualmente ativa”, sinaliza o oncologista do CPO Oncoclínicas.

A vacina contra o HPV está disponível gratuitamente nos postos de saúde, em 2 a 3 doses, para meninos e meninas dos 9 aos 14 anos. Homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com HIV ou AIDS, pacientes que receberam transplante de órgãos, de medula óssea e pessoas em tratamento contra o câncer, também têm direito a receber as doses pelo sistema público de saúde. A vacina também pode ser tomada com idades superiores, entretanto, são apenas disponibilizadas em clínicas de vacinação particulares. Não há restrições para pessoas com vida sexual ativa, mas a eficácia da vacina pode ser diminuída, já que nestas situações há possibilidade de já ter havido contato com o vírus.

O especialista pontua, adicionalmente, que além do HPV, o consumo aumentado de tabaco e álcool também figura entre os fatores que contribuem para a elevação dos riscos de desenvolver câncer de boca e garganta.

Primeiros sinais

Os primeiros sinais do tumor orofaríngeo podem aparecer por meio de feridas que não cicatrizam na boca nos primeiros 15 dias, além do aparecimento de nódulos no pescoço. O paciente pode se queixar também de dor para mastigar ou engolir. “Estes fatores, ligados ao aparecimento de pequenas verrugas na garganta ou na boca, podem revelar um possível diagnóstico com associação ao HPV. Portanto, é muito importante que seja acompanhado de perto por um especialista”.

Outros sintomas podem estar relacionados à rouquidão persistente, manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca e bochecha, bem como lesões na cavidade oral ou nos lábios e dificuldade na fala.

Atenção aos fatores de risco

Tabagismo: Segundo o oncologista, o câncer de cabeça e pescoço apresenta maior incidência entre os jovens e pouco mais de um terço é causado por maus hábitos. “O principal e o mais importante de ser combatido é o tabagismo”, revela Dr. Andrey.

Antigamente, o hábito de fumar era visto com elegância e glamour, sendo incentivado até pelas propagandas que mostravam atores famosos tragando seus cigarros, o que estimulava esse costume entre as pessoas mais jovens. O uso frequente do cigarro também é responsável pelo aparecimento do tumor na cabeça e pescoço. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca eram tabagistas.

Álcool: Houve um tempo em que o cigarro era liberado nos restaurantes e até em sala de aula. Hoje, isso não é mais permitido. Contudo, o uso do tabaco persiste e, na maioria das vezes, vem acompanhado de bebidas alcoólicas. Estimativas apontam que 75% dos casos de câncer de pulmão são decorrentes do uso do tabaco e os fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença. O álcool pode agir como um solvente e facilitar a penetração de carcinógenos nos tecidos-alvos. Além disso, aumenta o índice de quebras no material genético e a peroxidação de lipídios e, consequentemente, a produção de radicais livres. Vários estudos epidemiológicos demonstram que o consumo combinado de álcool e fumo constitui o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.

Infecções Virais: A geração de jovens e adultos com menos de 40 anos preza e valoriza muito a liberdade sexual. Trata-se de um grupo que nasceu após o “boom” do HIV e, apesar de bem informada e consciente dos riscos envolvendo doenças sexualmente transmissíveis, apresenta índices elevados de contágio pelo chamado papilomavírus humano – conhecido como HPV. “Além disso, a hepatite B e C também são fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço, são infecções virais que podem ser transmitidas em relações sexuais não seguras. Vale lembrar sempre da importância do uso de preservativos para a preservação da saúde”, finaliza o médico.