Sustentabilidade e ação social: todos podemos fazer
Por: Chris Gontijo*
Ao pensarmos em sustentabilidade, geralmente vêm à nossa mente aspectos como materiais reciclados, descarte de lixo no meio ambiente e poluição. Esse quadro geralmente é pintado com a imagem daquela velha indústria do início do século 20, marcada pela chaminé expelindo toneladas de gases tóxicos no ar.
Por não se enquadrar nesse perfil poluidor, a indústria da moda muitas vezes acaba negligenciando a adoção de práticas e rotinas sustentáveis. Como resultado, é o segundo setor industrial mais poluente do mundo. Temos sobra de tecido, uso indevido das estampas, papel usado para modelagem, sacos plásticos empregados para embalar as roupas, entre tantos outros descartes.
Entretanto, a pandemia trouxe uma mudança de comportamento nos consumidores, que passaram a buscar por produtos mais duráveis e sustentáveis. O consumo está cada vez menos voltado para o fast fashion e mais direcionado para a compra consciente. De onde veio este produto? Ele vai durar? Quantas vezes irei usar? Sobre quais bases socioambientais ele foi produzido?
Essas são algumas perguntas que se tornaram frequentes no “novo normal” e para as quais a indústria precisa estar ainda mais atenta. No caso da moda, ainda há no mercado várias empresas com problemas de descarte de retalhos, mesmo que o material seja de tecido natural. Fazer o que com este tecido? Jogar fora? Onde?
E foi analisando essa e outras situações que a empresa Chris Gontijo, de loungewear de luxo, buscou uma solução que resultou não só no aproveitamento dos retalhos, mas também no aumento de vendas e em uma ação social.
Uma vez cortado o produto principal, aproveitamos as partes que sobram e criamos produtos como tops e shorts, mas, ainda assim, sobram retalhos. Com eles fazemos embalagens de produtos, saquinhos, máscaras de olhos, sachês, enfim, vários itens pequenos que são produzidos por aprendizes de costura.
Mas, acreditem, ainda sobram pedaços de tecido. Foi daí que surgiu a ideia de doar esses retalhos para instituições de caridade, onde pessoas carentes fazem o trabalho de fuxico e vendem seu artesanato, aumentando a renda familiar.
Costumamos imaginar que ações nessa linha sejam exclusividade das grandes empresas ou do nosso lixo doméstico, mas, hoje, a sustentabilidade vai muito além disso. Acreditamos na sustentabilidade como um conjunto de ações que contribuem para um futuro melhor. Afinal, o que vamos deixar para nossos filhos? Lixo ou luxo? Luxo no pensar, no agir e nas atitudes. É assim que enxergamos nosso luxo: atitudes coerentes.
* Chris Gontijo é a diretora da Chris Gontijo Loungewear.
**O artigo foi publicado na edição de março da Revista Indústria Brasileira.