22 de novembro de 2024
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Artigo: Cortina de Fumaça

Por: Rodrigo Segantini*

O STF, sempre nos surpreendendo, aprontou mais uma das suas: depois de quatro anos, concluiu que, pensando bem, talvez não fosse mesmo boa ideia que Lula tivesse sido julgado pela Justiça de Curitiba, que tinha à frente Sérgio Moro, durante a Operação Lava-Jato. Parece algo meio tardio, levando em conta que Lula está réus em vários processos, alguns com condenação inclusive em segundo grau e com recursos já julgados no próprio STF. Mas, enfim, decisão judicial não se discute: se cumpre.

O que importa de tudo isso é que, até segunda ordem, Lula, que não pôde ser candidato à presidência em 2018 contra Jair Bolsonaro porque era condenado na justiça, agora poderá ser candidato à presidência em 2024 porque não tem condenação criminal alguma. Pesquisas apontam que, em um espectro político dicotomizado e radicalnente polarizado, Bolsonaro tem 30% de um lado, Lula tem 30% do outro e o espaço do centro que João Doria tenta ocupar tem 30% também. Com isso, na mesa em disputa, há os 10% de indecisos que vão decidir a eleição.

No entanto, sinceramente, no momento, tudo isso se torna absurdamente tão irrelevante quanto mandar uma comitiva de néscios e ignotos para Israel em busca de um spray nasal como se fosse o milagre da cura da covid-19, apesar de sequer ter sido realmente testado. Não há sentido nenhum discutir o que acontecerá daqui um ano e meio enquanto hoje em dia pessoas morrem aos milhares por causa do coronavírus, o governo federal não dá conta de comprar vacinas e distribui-las para atender à população e governos estaduais e municipais baixam as portas dos comércios e obrigam ao povo ficar em casa ainda que à custa da economia e dos empregos.

Não queremos falar sobre Lula agora, nem sobre Jair Bolsonaro e seus filhos. O que queremos é falar sobre vacinas, o que queremos falar é sobre máscaras, álcool gel e distanciamento social, o que queremos falar é sobre auxílio emergencial e de ajuda aos micro e pequenos empreendedores, em reabertura do comércio e em protocolos de segurança.  Deixemos 2022 para 2022. Fiquemos atentos no que realmente nos  importa agora. A cada dia, o mal que lhe cabe.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!