15 de novembro de 2024
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Por que os pacientes oncológicos não estão na lista de prioridades da vacina para a Covid-19?

Daniel Gimenes, médico oncologista do Grupo Oncoclínicas, esclarece pontos importantes a respeito do assunto, como comorbidades associadas e quais tipos de câncer despertam preocupação

A chegada da vacina para prevenir a Covid-19 está sendo aguardada no mundo todo, já que o vírus ainda continua se alastrando de forma feroz e atingindo pessoas de diversas faixas etárias. O governo de São Paulo já fez alguns pronunciamentos a respeito da proximidade dessa data e dos critérios de escolha dos grupos que receberão as primeiras doses. Um dos questionamentos que tem sido levantado ultimamente é a não inclusão dos pacientes portadores de câncer nas listas de prioridade. Por que eles não integram essa preferência. Segundo o oncologista Daniel Gimenes, do Grupo Oncoclínicas, há vários pontos importantes que devem ser levados em questão ao analisar esse fato.

O médico explica que, em agosto de 2020, publicações renomadas como a do Memorial Hospital, de Nova York, e de Oxford, apontaram, após avaliar casos ocorridos dentro da própria ala oncológica, que os pacientes com tumores sólidos tiveram os mesmos riscos, mesmos períodos de internações e chances de cura do que qualquer outro que não tivesse a doença. “Isso nos trouxe uma certa tranquilidade e conseguimos manter alguns pacientes em tratamento”, conta.

Daniel Gimenes ressalta que a taxa de mortalidade entre os pacientes oncológicos observada até o momento é muito baixa. De acordo com o médico, a grande preocupação está com aqueles que são considerados “vasculopatas”, que integram o grupo de risco por seus critérios clínicos associados, como idade avançada, hipertensão severa, diabetes, obesidade, antecedente de doenças como infarto ou trombose, entre outras.

Juntam-se a eles ainda os pacientes hematológicos, portadores de tipos de câncer como leucemia, linfomas, mieloma múltiplo e, principalmente, os receptores de transplante de medula. Daniel Gimenes afirma que, no caso dos transplantados, a preocupação ainda é dobrada, por conta da imunossupressão muito intensa.

O oncologista do CPO Oncoclínicas ressalta que os pacientes com câncer não só podem, como devem receber a vacina. “Tanto a de Oxford como a Coronavac são desenvolvidas seguindo os métodos tradicionais de vacina, o que não coloca em risco quem está em tratamento para o câncer”, aponta.

O critério para a escolha de quem integrará a relação de beneficiados com a vacina levará em conta não o diagnóstico de câncer, mas sim os critérios clínicos gerais de cada indivíduo. “Se um paciente com tumor maligno está bem e não apresenta qualquer outra comorbidade associada, nem tampouco faz parte do grupo considerado de risco por critérios de idade, com certeza ela não estará na primeira ou segunda leva de convocados para a vacina. Talvez nem na terceira. E isso não deve ser um fator de ansiedade ou preocupação”, afirma Daniel Gimenes. Ele frisa ainda que de forma geral os diferentes tipos de câncer ainda não fazem parte dos critérios de escolha para recebimento da vacina.

O que já se sabe sobre o plano de vacinação para Covid-19

No estado de São Paulo, único do país que conta com uma agenda própria até o momento, a previsão de início da imunização com uso do Coronavac é 25 de janeiro de 2021. A parcela da população paulistana a ser contemplada em um primeiro momento é composta por profissionais da área de saúde que estão na linha de frente contra o novo coronavírus, indígenas, quilombolas e os idosos com mais de 60 anos, de forma escalonada. Estimativas do Governo estadual indicam que 77% dos óbitos pela COVID-19 estão concentrados nesta faixa etária.

Já no restante do Brasil o clima é ainda de expectativa para a aprovação de uma das alternativas de vacina disponíveis pelos órgãos nacionais competentes. Mas apesar da aplicação de um imunizante contra o novo coronavírus ainda não ter uma data federal prevista, o Ministério da Saúde anunciou um plano preliminar que indica que as doses, quando liberadas, serão distribuídas em quatro fases, priorizando diferentes grupos da população:

Fase 1: trabalhadores da área de saúde, idosos com mais de 75 anos e pessoas acima de 60 anos que vivem em instituições de longa permanência.

Fase 2: idosos de 60 a 74 anos em qualquer situação.

Fase 3: pessoas que apresentem condições de saúde relacionadas a casos mais graves de Covid-19, tais como problemas respiratórios, diabetes, hipertensão e obesidade.

Fase 4: professores, profissionais das forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e a população carcerária.