23 de dezembro de 2024
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Janeiro verde: Camisinha é aliada essencial na luta contra o câncer de colo de útero e outros tumores. Entenda

Preservativo diminui o risco de contaminação pelo HPV, que é responsável por tumores no útero, pênis, entre outros.

Provavelmente você não associaria a camisinha com prevenção ao câncer. Mas ela é uma importante aliada para evitar o surgimento de tumores nas mulheres e também nos homens, aponta o médico Andrey Soares, do CPO/Oncoclínicas. Isso porque, além de proteger das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), o preservativo evita o contágio do papiloma humano (HPV), que é o principal responsável pelo câncer no colo do útero. Mas não só ele. Nos homens, há uma forte relação também com o surgimento de tumor no pênis.

“Além da vacinação em meninas e meninos contra o HPV, a camisinha ainda é a principal barreira de transmissão e, embora se conheça melhor essa relação entre o tumor no útero com o contágio do vírus, ainda é grande o desconhecimento em relação ao câncer peniano. Os homens, em geral, tendem a se preocupar menos com a saúde, fazer menos exames, e etc, até por uma questão cultural mesmo. Então, informar sobre a importância do uso da camisinha também na prevenção do câncer masculino é fundamental e dever dos agentes públicos”, cobra o oncologista.

E a fala dele é apoiada por números. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a relação entre o sexo desprotegido e câncer não é conhecida pelos brasileiros: entre 1500 entrevistados, quase 30% dos brasileiros não imaginam que usar preservativos pode reduzir o risco de desenvolver câncer. E são muitos os tipos que podem sofrer influência da contaminação do HPV:

“Os preservativos estão comumente relacionados à proteção contra o HIV, mas também são o modo de combate a formas de tumor que têm relação com o HPV, como colo do útero, vagina, vulva, pênis, ânus, boca e garganta”, explica o especialista.

O câncer de pênis é considerado raro, mas seu prognóstico pode ter consequências devastadoras para a vida do paciente. Em muitos casos, é necessário fazer a amputação do órgão, embora quando diagnosticado em estágio inicial, apresente elevada taxa de cura. No entanto, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) mais da metade dos pacientes demora até um ano após as primeiras lesões aparecem para procurar o médico, o que diminui a sobrevida e as chances de um tratamento com menos consequências físicas. Segundo os últimos dados disponíveis, 402 homens morreram em decorrência deste tumor no ano de 2015.

Já o tumor no Colo do Útero é o terceiro mais comum entre as mulheres. Também causado em grande parte pelo HPV, ele pode ser detectado no exame preventivo ginecológico, que deve ser realizado anualmente por todas as mulheres sexualmente ativas. Através do exame, é possível ver se o vírus sofreu alguma mutação que poderia levar ao câncer, tratando o local antes mesmo de malignidade. São mais de 6 mil óbitos por ano por conta do tumor.

Desconhecimento e preconceito atrapalham prevenção

O desconhecimento leva à desproteção: 59% dos brasileiros não usa preservativos como medida de prevenção à doença. Outra aliada importante é a vacinação de meninos e meninas contra o HPV, que ainda sofre bastante preconceito e resistência na sociedade brasileira. Além, é claro, da falta da informação sobre ela. O assunto é tão sério que a Organização Mundial de Saúde (OMS) precisou se pronunciar, afirmando que a vacina é “segura e indispensável”.

“Os rumores infundados sobre as vacinas contra o HPV seguem adiando ou impedindo de modo desnecessário o aumento da imunização, que urgentemente necessário para a prevenção do câncer cervical”, disse em evento no começo de 2020 Elisabete Weiderpass, diretora do Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (CIIC), vinculado à OMS.