22 de dezembro de 2024
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Artigo: Como impedir a barbárie?

Por: Luís Bassoli*

√ É muito comum esse questionamento: como foi possível que a mesma nação que gerou Einstein, Kant, Beethoven, Hannah Arendt, Freud, Rosa Luxemburgo, tenha gerado Adolf Hitler!

  • Também se questiona: por que Hitler conseguiu obter o apoio da população alemã para cometer seus crimes?
  • E permanece a pergunta: por que o mundo não impediu que o nazismo se tornasse potência militar?

√ Pois bem, hoje, estudiosos – e pessoas esclarecidas – revivem essas mesmas angústias em relação ao Brasil de bolsonaro.

  • Como a mesma nação que gerou Machado de Assis, Lígia Fagundes Telles, Carlos Chagas, Santos Dumont, Pixinguinha, Milton Santos, Oscar Niemeyer, gerou também Jair Bolsonaro?
  • Do mesmo modo, pergunta-se: como esse sujeito, identificado com as idênticas ideias e ideais do nazifascismo, conseguiu obter ampla adesão da população brasileira?
  • E a pergunta atualíssima: por que a sociedade civil, nacional e internacional, não interrompe o neonazismo bolsonarista?

√ Hitler era um militar, afastado do exército no início de 1920. Em 1923, começou a traçar seu plano, na base da difusão de mentiras, estímulo ao racismo e ao preconceito, perseguição às minorias – homossexuais, judeus, socialistas – até chegar ao poder em 1933. Daí, o discurso passou à realização da violência, seu  comportamento insano foi replicado por líderes de associações civis e paramilitares. O culto à sua personalidade o levou ao título de Füher, que significa Líder, Guia, Chefe Supremo.

√ Jair Bolsonaro era um militar, afastado do exército no final dos anos 80′. No início dos anos 90′, inicia carreira política, com base na difusão de mentiras, estímulo ao racismo e ao preconceito, perseguição às minorias – homossexuais, negros, socialistas, índios, mulheres, artistas – até chegar ao poder em 2018. Daí, o discurso passou à realização, seu comportamento insano foi replicado por líderes políticos, milicianos e religiosos pentecostais, com apoio dos militares de pijama. O culto à sua personalidade o levou a ser chamado de Mito, que nos dicionários significa “algo que não é real, crença construída sobre alguém”. Ou seja, um líder mitológico, um “semideus”, um füher (e um sociopata!).

  • Um lema do hitlerismo era “Deutschland über alles”, que significa “Alemanha acima de tudo”; análogo ao brado bolsonarista “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, uma frase nazi-evangélica.

* As semelhanças entre a Alemanha nazista e o Brasil bolsonarista são estarrecedoras.

* Sabemos da repugnante história da Alemanha hitlerista, e, diferentemente dos alemães do início do século 20, os brasileiros do século 21 temos informações de quem é bolsonaro, Informações que nos chegam por jornais, rádios, tv e, sobretudo, pela Internet. As fake news são facilmente desmascaradas – não há ninguém sendo enganado, todos sabem muito bem o que é o bolsonarismo.

  • A diferença entre Hitler e bolsonaro é que o alemão tinha o maior exército do planeta, por isso causou um genocídio planetário; já o brasileiro tem um exército bem mais limitado, e o genocídio está sendo feito dentro das fronteiras nacionais.
  • O fim do nazismo se deu após mais de 100 milhões de vítimas, incontáveis herois, e terminou com o suicídio do líder e o julgamento de seus apoiadores.
  • O bolsonarismo haverá de chegar ao fim, resta-nos saber como. Porém, para impedir a barbárie, é imprescindível a atuação de herois, que estão na linha de frente da resistência!

* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!