Artigo: O poder do ressentimento
Por: Luís Bassoli*
√ O economista Luiz Gonzaga Belluzzo mencionou, em recentes artigos na revista Carta Capital, aspectos interessantes sobre o comportamento dos apoiadores do bolsonarismo e afins.
- Explicou que filósofos, sociólogos e psicanalistas tentam desvendar o fenômeno psicossocial do “narcisismo dos ressentidos e fracassados”.
- Em síntese: há uma parcela da população que persegue o sucesso, mas só alcança o fracasso e a ruína – são os ressentidos.
- Em momentos de angústia, essa parte do eleitorado tende a escolher líderes demagogos, como bolsonaro e Trump (ou Hitler, na Alemanha dos anos 30′), que apelam não para o racional, mas para o emocional, com viés à violência e ao ódio.
- Contra os “interesses afetivos da natureza humana”, os filósofos e cientistas políticos reconhecem que os argumentos lógicos são pouco eficientes.
- Os demagogos jogam com as emoções e com os instintos irracionais, por vezes autodestrutivos, o que acaba por minar o pensamento racional.
- Belluzzo diz ainda que os narcisistas-demagogos exploram a fragilidade da alma humana e frustram a capacidade de resistir à repressão ao “oferecer satisfações suficientes para aplacar os indivíduos fracos e ressentidos”.
- A Internet ampliou o raio de ação dos ressentidos – relembra que o escritor Umberto Eco considerou que as redes sociais e o rebaixamento intelectual da sociedade massificada “deram voz aos idiotas”.
- Por isso, o comportamento insano de bolsonaro não afeta seus apoiadores fanáticos, que não se revoltam com a corrupção perpetrada por sua família, nem com seu racismo, machismo e preconceito – e nem mesmo com o desastre econômico de seu governo.
- As forças progressistas brasileiras terão muito trabalho para enfrentar a “doença social” manifestada pelo bolsonarismo.
- Os EUA conseguiram, por ora, se curar do trumpismo. A receita passa pela união e obstinação e, claro, pelo bom uso das redes sociais.
* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).
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