22 de novembro de 2024
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Pesquisadores desenvolvem guia de exercícios para pacientes com diabetes

Orientações visam adequar o treino de acordo com as taxas de glicemia registradas em tempo real.

Por: Nicola Ferreira, da Agência Einstein

A prática de exercícios por pacientes com diabetes é fundamental para o controle da taxa de açúcar no sangue. A doença é caracterizada pela concentração elevada de glicose na corrente sanguínea e seus efeitos figuram entre os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares. Contudo, muitos pacientes evitam se exercitar porque têm medo de, durante o treino, sofrerem crises de hipoglicemia ou hiperglicemia (queda acentuada de taxa de açúcar no sangue ou elevação súbita, respectivamente). Uma das formas a qual o  paciente recorre para acompanhar as oscilações é o uso de aparelhos que medem os sinais em tempo real. Porém, pode ser difícil para educadores físicos e pacientes fazer a correta interpretação dos dados. Pensando em facilitar a compreensão e, consequentemente, melhorar o treino, pesquisadores da Universidade de Swansea, no País de Gales, desenvolveram um manual que indica com precisão o que fazer de acordo com as informações fornecidas durante a prática. 

Esse guia, que pode ser encontrado no site da Springer, foi produzido pela universidade galesa e aprovado pela Associação Americana de Diabetes. Ele utiliza as informações disponibilizadas, como consumo de carboidratos e limiares do nível de glicose saudável, para definir os melhores programas de exercício. Segundo a orientação, a prática esportiva, sem restrição de modalidade ou intensidade, deve ocorrer quando os números do aparelho apresentam de 5.0mmol/l a 10.0 mmol/l (90mg/dl até 180mg/dl) de glicose, mas preferencialmente deve estar a partir de 7.0 mmol/l (126mg/dl). Caso os números estejam abaixo ou acima, é sugerido evitar a prática ou controlar as concentrações ingerindo mais  carboidrato quando a quantidade de açúcar estiver baixa e, em casos de hiperglicemia, o controle deve ser feito por meio de injeção de insulina (hormônio que permite a entrada da glicose circulante no sangue para dentro das células).  Em situações de pacientes com tendência a hipoglicemia, os níveis aceitos para a atividade física podem chegar até 15 mmol/l. (270mg/dl).

Outra avaliação necessária é a taxa de corpos cetônicos (substâncias solúveis resultantes da quebra de ácidos graxos, que pode ocorrer durante a prática de exercícios).  “Podemos ver isso de forma indireta a partir de uma alta quantidade de glicemia (acima de 250mg/dl) e sinais clínicos como, por exemplo, o hálito”, explica o educador físico Bruno Gion, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Quando há algum desses sinais, a prática é contraindicada.”

Para a produção do guia, os estudiosos de Swansea entrevistaram fisiologistas, cientistas do esporte, diabetologistas, endocrinologistas, diabetologistas pediátricos e nutricionistas. Após a coleta das informações, os pesquisadores criaram o documento, aprovado na Conferência Internacional de Tecnologias Avançadas & Tratamento para diabetes, que ocorreu em Madri, Espanha, este ano.

As orientações do manual

  • Antes da prática de exercício físico
    • Veja qual será o tipo, tempo e intensidade do treino
    • Observe a quantidade de insulina no sangue
    • Programe o aparelho para alertar sobre a eventual ocorrência de hipoglicemia
  • Durante o exercício
    • Caso o sensor mostre que sua glicemia está entre 7.0 mmol/l e 10 mmol/l (126mg/dl a 180mg/dl), você está apto para fazer exercício imediatamente
    • Quando a glicemia estiver no limite do 7.0 mmol e com a seta (indicação de aumento ou redução da glicemia no sangue) na horizontal sugere-se a ingestão de 10 a 15g de carboidrato
    • Quando a seta está um pouco para baixo aumente para de 15 a 25g. E em casos dela estar apontando totalmente para baixo, alimente-se de 20 a 35g
    • Exercícios devem ser suspensos quando a glicemia estiver abaixo do 3.9 mmol/l (70mg/dl) – nesses casos ingerir uma quantidade de carboidrato aumenta a glicemia. Se isso ocorrer pode voltar aos exercícios. Caso o paciente apresente menos de 3.0 mmol/l (54mg/dl), é necessário interromper o treino na hora.
    • A interrupção deve ocorrer também quando o aparelho estiver marcando acima de 15 mmol/l (>270mg/dl)
  • Após o exercício
    • Durante os 90 minutos subsequentes ao exercício, os níveis de glicemia precisam estar entre 4.4mmol/l a 10mmol/l (80mg/dl a 180mg/dl). Caso isso não ocorra, é sugerido que se alimente de 10 a 15 g de carboidrato.
    • Em casos nos quais seja necessário a aplicação de insulina, o paciente deve programar um alarme para administração de no máximo 4.4mmol/l e realizar outra consulta antes de dormir

(Fonte: Agência Einstein)