Sensacionalismo, Informação e Censura
O jornal sensacionalista, impresso, era até, digamos, uma forma de “arte”. Em fins dos anos 80′, a gente se “divertia” vendo/lendo as manchetes do Notícias Populares e outros congêneres, pendurados nas bancas de jornais; não os levávamos a sério, era só tragicômico.
O jornalismo sensacionalista não tem a função de informar, não visa a razão; quer impressionar, causar reação emocional, para assegurar a vendagem.
Em meados da década de 90′, esse tipo de jornalismo chegou à TV: um histriônico apresentador, de uma emissora regional do Paraná, Carlos Alborghetti, fez escola, seguido por Carlos Massa, o famigerado Ratinho; logo, Gil Gomes deu popularidade nacional, através do programa Aqui Agora, do SBT.
Aí, preocupou! Diferentemente dos exemplares dependurados na banca da esquina, o jornalismo-pinga-sangue foi levado para dentro das residências brasileiras – numa época em que havia poucos canais (e sem TV paga) e geralmente só um aparelho na casa, o televisor era o principal eletrodoméstico, exposto na sala, em destaque.
Os programas se “aperfeiçoaram”, seja no modelo clássico, representado por Datena (Luiz Bacci/Geraldo), seja com o do tipo Sônia Abrão (uma Ana Maria Braga com viés sanguinário).
Passaram-se 30 anos, o efeito dessa exposição sistemática à violência e ao ódio se apresenta na banalização da vingança, do racismo e do machismo – e o ponto alto: o bolsonarismo.
O Senado está analisando uma proposta de reenquadramento da classificação desses programas, de Livre para 16 anos, o que faria com que fossem transmitidos depois das 22h.
Não se trata de censura, mas da tentativa de proteger as crianças dessas imagens e narrações, que nada informam.
O debate está colocado!
* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).
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