Chegada da primavera acende alerta para aumento de casos de catapora
Nem tudo são flores na temporada mais bonita do ano. A transição climática é a fase mais propícia para crescimento de registros de doenças provocadas por vírus e bactérias. “Vacinação é a forma mais eficaz de prevenção”, orienta especialista.
São Paulo, 14 de setembro de 2020. Começa no próximo dia 22, a estação mais florida do ano, a primavera. Responsável por deixar as paisagens ainda mais bonitas, a temporada que se estende até o final de outubro, também esconde um vilão: a proliferação de vírus e bactérias, causadores de doenças como roséola, eritema infeccioso, escarlatina e a temida catapora.
Grande vilã da temporada, estudos mostram que no Brasil, entre os meses de setembro e outubro, há um aumento no número de casos de varicela, ou catapora, como é popularmente conhecida. A varicela é causada pelo vírus Varicela-Zoster e considerada uma doença da infância. No Brasil apenas 10% da população com mais de 25 anos de idade não teve a doença.
Entre 2012 a 2017 foram notificados 602.136 casos de varicela, no Brasil, embora, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), não existam dados consistentes sobre a real incidência da doença, porque apenas os casos graves, internados e óbitos são notificados, mas estima-se que ocorram cerca de 3 milhões de casos, em média, todos os anos.
A varicela, costuma apresentar um curso benigno, mas em adultos apresente um maior potencial de letalidade, o qual pode ser até 40 vezes maior do que em crianças. O número de hospitalizações é maior em crianças, por ser mais frequente na população infantil, mas proporcionalmente, os adultos apresentam maior risco de evoluir com complicações, hospitalização e óbito.
Geralmente se manifesta com queixas gerais, como febre, dor de cabeça, mal estar geral e as características lesões de pele que aparecem como uma mácula avermelhada e evoluem para vesículas. Pode-se observar lesões em diferentes fases em todo o corpo. “É muito importante procurar atendimento médico já no início dos sintomas para obter as orientações quanto ao isolamento, cuidados gerais e terapêutica, mas também para a detecção precoce de complicações, que possam ocorrer”, alerta a pediatra, médica do Grupo Sabin, Silvana Fahel.
A especialista explica, ainda, que uma etapa muito importante de cuidado com o paciente é evitar o contágio de outras pessoas. “A catapora é altamente contagiosa. É imprescindível restringir o paciente de locais públicos, até que todas as lesões estejam cicatrizadas, o que pode persistir até duas semanas. Roupas, mãos, toalhas, itens de uso pessoal e objetos que possam estar contaminados, devem ser higienizados constantemente”, reforça.
A vacina varicela zoster é a melhor forma de se evitar a catapora, afirma a Dra. Ana Rosa Santos, infectologista e gerente de imunizações do Grupo Sabin. O esquema de vacinação começa aos 12 meses de vida, com duas doses com intervalo de três meses. “Em situações de risco, como surto em escolas, creches ou domicílio, deve-se realizar a vacina a partir de 9 meses de idade, como um bloqueio. Para todas as crianças que fizerem a vacina precocemente, nessas situações de surto, o esquema vacinal aos 12 meses de duas doses, deverá ser mantido, reforça a médica. Todas as crianças, adolescentes e adultos suscetíveis (que não tiveram catapora) devem ser vacinados e, pode-se também fazer a vacinação pós-exposição, até 72 horas após o primeiro contato com uma pessoa doente”, orienta a especialista.
Os índices da catapora no Brasil
De acordo com análise divulgada pelo Ministério da Saúde, as internações por catapora estão concentradas em crianças de 1 a 4 anos de idade, em crianças com menos de 1 ano e de 5 a 9 anos de idade, respectivamente. Embora o maior número absoluto de hospitalizações seja observado entre crianças, grupo em que se espera o maior número de casos da doença, proporcionalmente, os adultos apresentam maior risco de evoluir com complicações, hospitalização e óbito.
No Brasil, entre 2012 a 2017 foram notificados 602.136 casos de varicela, a região sul notificou o maior número com 199.057 (33 %) dos casos, seguindo a região sudeste com 189.249 (31,4%), enquanto a região norte notificou apenas 40.325 (6,6%).