21 de dezembro de 2024
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Nossa Palavra – Mudança que se faz necessária

Além de destruir vidas e a economia de muitos países, a pandemia estabeleceu novas prioridades. Neste momento, os brasileiros estão mais preocupados em manter a saúde e seus empregos do que ouvir discursos de candidatos. Realizar uma eleição municipal ainda este ano, em meio a tantos problemas, parece algo surreal.
Para os eleitores, a eleição municipal está em último plano, mas para os políticos é prioridade. A eleição está marcada para 4 de outubro, mas há pouco tempo para cumprir o calendário eleitoral, além de todos os riscos do Coronavírus.
As eleições são importantes para o funcionamento das instituições democráticas. Através do voto os cidadãos exercem o direito de escolher seus representantes. É um momento significativo da democracia representativa que depende da participação de todos. O direito ao voto é uma conquista da cidadania.
E a sociedade avança pela via política, com o direito de votar e ser votado. A boa política, entretanto, depende dos bons políticos, nos quais o eleitor deposita a sua confiança. O cancelamento da eleição de 2020, pelas consequências da Covid-19, não é um retrocesso tampouco ruptura do processo democrático, mas uma oportunidade de corrigir distorções do atual processo eleitoral.
Uma das propostas para 2020 é remarcar o pleito para 15 de novembro. O adiamento por alguns meses não elimina uma questão crucial: o avanço dos números da doença no país. Quando ocorrerá o achatamento da curva epidêmica? Teremos uma segunda onda de contaminação pelo vírus? Quando vai acabar a quarentena? Quando acontecerá a retomada econômica? Haverá a recuperação dos empregos?
Sem estas respostas a ida dos eleitores às urnas é uma ameaça à saúde pública. Eleitores devem manter o distanciamento social, principalmente os do grupo de risco. Grande parte da população poderá ficar fora do processo eleitoral, tanto candidatos como eleitores, o que elevaria o número de abstenções não legitimando o pleito.
A quem interessa esta eleição, senão aos próprios candidatos? Para o projeto de poder dos políticos a eleição é fundamental. É dela que se alimentam e sobrevivem. É uma forma de se perpetuar, mandato após mandato.
Eles não se importam em parar o país a cada dois anos com eleições e a reeleição para atender seus interesses político-eleitoreiros. Só que agora estamos todos imersos num caos pandêmico, o foco é o combate à Covid-19. Os políticos querem a eleição ainda este ano, mesmo em meio às mortes causadas pela doença, à perda de empregos e à quarentena forçada de milhões de brasileiros.