Grupo Técnico de Monitoramento do Governo de São Paulo faz o primeiro diagnóstico dos impactos da COVID-19 na produção agropecuária
Cadeias de frutas, verduras, legumes e flores foram as mais afetadas nos últimos quinze dias; o Estado estuda liberar linhas de crédito para as áreas mais impactadas.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo divulgou nesta segunda-feira, 05, o primeiro relatório dos impactos do Covid-19 em toda a produção agropecuária no Estado de São Paulo. Os dados englobam toda a cadeia, nos 645 municípios, desde a produção, passando pela distribuição e comercialização, e são de 23 a 27/03. O objetivo do monitoramento é centralizar as informações para que as ações mitigatórias dos impactos sejam mais assertivas.
O levantamento mostrou que o setor de hortaliças e frutas foi um dos mais afetados pela crise, principalmente em decorrência do fechamento de bares e restaurantes e redução das feiras livres em alguns municípios. As frutas também sofrem com as exportações aéreas – o setor de itens frescos somava 600 toneladas por semana e as vendas caíram 75% sem embarque nos últimos 15 dias. Outro setor muito impactado é o de flores e plantas ornamentais, onde as vendas em supermercados e floriculturas de todo o país desabaram 70% só na semana passada. Somente aos produtores rurais desse setor, os prejuízos estão entre R$ 40 e R$ 60 milhões.
Já para o setor de proteína animal, há impactos diversos a depender da origem do produto (bovino, suíno ou avícola). A bovinocultura, apesar da arroba do boi ainda estar estável, tem vendido nos supermercados cortes menos nobres, o que apresenta menor valor agregado, enquanto, os food services, que utilizam mix de cortes de carne mais nobres, tiveram uma redução significativa das vendas devido ao lock down, com queda no movimento de aproximadamente 75%.
A demanda por carne de frango, por sua vez, vem impulsionando os preços com o aumento da procura por congelados. No atacado em São Paulo, frango inteiro congelado valorizou 4% nos últimos sete dias. Houve, ainda, um aumento da demanda de ovos e os preços têm se valorizado diariamente. Em São Paulo o preço médio do ovo tipo branco extra FOB da granja é de R$108,10/caixa, um recorde nominal de 9,4% maior que o de fevereiro. O setor de pescados foi também muito afetado pela queda de Food Services.
Segundo o Secretário de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira, este primeiro retrato vai balizar as próximas decisões estratégicas da pasta. “Com esse grupo analisamos dia a dia questões que precisamos acompanhar de perto, como a garantia da produção e distribuição de alimentos e os gargalos do setor neste momento. A secretaria tem estudado medidas para atender e apoiar o setor e analisado linhas de crédito emergenciais para as cadeias mais afetadas”.
Além da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o grupo de monitoramento conta também com membros da InvestSP, da Prefeitura de São Paulo, indústria de alimentos, transporte de cargas, armazéns e frigoríficos, bares, restaurantes e supermercados. São feitas reuniões diárias para monitoramento das cadeias produtivas. Esse monitoramento constante durante a crise gerada pela pandemia possibilitará a tomada de medidas mais estratégicas e técnicas para mitigar os efeitos para o agronegócio, principalmente aos pequenos produtores que são os que mais têm sofrido com a crise. Um exemplo de medida pensada e em estruturação com a Associação Paulista de Supermercados (APAS), é a disponibilização de gôndolas especiais nos supermercados para os pequenos produtores.
O Secretário ressalta que há um risco de rompimento das cadeias por conta da fragilidade do pequeno produtor que opera somente com seu capital de giro. “Uma vez colhida e não vendida a produção, o produtor perde seu capital. Outro problema é que quando o momento de colheita chega é necessário colher mesmo sem venda, porque se o produtor não fizer isso, o risco sanitário aumenta muito. O agro não pode parar literalmente”, afirmou Gustavo Junqueira.
Outra ação importante, pensando na distribuição e escoamento da produção, foi à criação, pelo governo, de website com informações oficiais sobre o abastecimento. O intuito deste website é justamente oferecer informações oficiais, além de disponibilizar mapas indicando pontos de apoio aos caminhoneiros e informações sobre o funcionamento de estabelecimentos de apoio nas estradas, como postos, restaurantes e outros locais que ofereçam alimentação para viagem. O website também possui um Formulário para o caminhoneiro informar sobre eventuais bloqueios nas estradas e outro para denúncias de eventuais problemas ligados ao abastecimento, tais como falta de alimentos e preços abusivos.