Instituto Família Barrichello desenvolve conteúdo especial para idosos durante a quarentena
Em casa, os 1.800 idosos atendidos pela ONG terão acesso a videoaulas que mostram a importância de se proteger do coronavírus.
A pandemia de coronavírus impôs uma nova rotina para todos: ficar dentro de casa. Com essa nova dinâmica de isolamento social, como ficam as ONGs, que prestam um serviço presencial essencial para a comunidade? Estima-se que, no Brasil, são mais de 240 mil organizações não governamentais. E uma delas é o Instituto Família Barrichello, que há quase 15 anos atua no combate à desigualdade e à exclusão social por meio da assistência social e do esporte. Semanalmente, são mais de 3 mil pessoas atendidas em 25 núcleos em São Paulo, além de 4 em Mogi Mirim, sendo 68% de idosos.
O papel do IFB é essencial para 1.800 idosos que participam do Projeto Viver Melhor. “Assim que tomamos conhecimento da propagação do coronavírus e do risco para esse público, tiveram que agir. Naturalmente, a primeira ação foi o cancelamento da atividade e o cuidado com a informação. Muitos deles têm no IFB o único ponto de acolhimento, e sabíamos que a fonte confiável para eles eram os nossos professores. Porém, não era suficiente, para nós, mantê-los presos nas suas casas sem interação e sem atividades físicas. Não é o que acreditamos”, diz William Boudakian, assistente social e Diretor Executivo do IFB. “Tivemos que inovar, assim como todos os setores. Nunca tínhamos feito nada online. Reunimos nosso time e, em menos de duas semanas, conseguimos produzir conteúdo para que eles pudessem fazer a atividade física em casa”, explica.
Desde o dia 23 de março, mais de 35 videoaulas estão disponíveis para os idosos participantes do projeto. E, com uso da tecnologia, o IFB conseguiu expandir o atendimento. A equipe também está atuando na orientação aos idosos, pois muitos deles nem sabiam acessar os conteúdos no Youtube. Os professores mantêm um grupo no WhatsApp para dar suporte aos alunos.
“Os vídeos têm sido um potente instrumento para nos aproximar deles e estimulá-los a continuar fazendo os exercícios, só que em suas casas e de forma segura com orientações de seus professores. Assim, continuam a manter uma boa imunidade, o que é fundamental em tempos de combate ao coronavírus”, diz Dayane Alves, Gerente do Projeto Viver Melhor de São Paulo.
No dia 28 de março, o Instituto organizará uma aula ao vivo em seu perfil no Instagram com a Coordenadora Técnica do Projeto, Cristiane Peixoto, para reforçar as orientações gerais para a prática das aulas e no portal onde todos os idosos e seus familiares vão poder acessá-las. Nesta data também, todas as videoaulas serão liberadas publicamente para todo o Brasil. “Agora, nosso maior desafio é conseguir levar as aulas, muita informação sobre o coronavírus e a mensagem da importância da atividade física para todos os idosos, incluindo — principalmente — aqueles que estão nas regiões periféricas”, completa Boudakian.
Impacto nos alunos
Dona Isabel tem 63 anos, parou de estudar e hoje cuida de idosos. Mas se cuida também! A moradora do bairro Itaim Paulista, na zona leste, frequentava duas vezes por semana o núcleo do projeto Viver Melhor, do IFB, para fazer exercícios físicos junto com outros idosos. Por causa do coronavírus, ela não pode sair de casa, mas nem por isso perdeu o pique. Agora, dona Isabel acompanha, junto com os netos, os vídeos gravados pelos professores do projeto. As aulas estão disponíveis para os alunos no YouTube, com orientações de cuidados na hora de fazer os exercícios. “Achei que as aulas só chegariam para as crianças e os alunos de faculdade, não imaginei que ia chegar para a gente, fiquei muito feliz. Isso incentiva a gente. Na minha casa, a minha neta me ajuda a fazer os exercícios e a mexer no celular para ver a aula”.
Já Dona Gláucia, de 64 anos, mora com o marido, de 65, em Artur Alvim. Mesmo sem as aulas presenciais que frequentava desde setembro do ano passado no Shopping Itaquera, ela não deu folga para a mente nem para o corpo. E ainda ganhou a companhia do marido e se exercitam dentro de casa com as videoaulas preparadas pelos educadores físicos. E agradece a professora: “Já fiz a aula, amei. Estava com muita saudade de vocês, ouvir sua voz foi muito gratificante. Estou em casa desde o dia 16, sem ir sair para nada. Agora, com as aulas vai melhorar os ânimos”.
Viver Melhor
O Projeto Viver Melhor começou em 2012 e já atende 1.800 idosos a partir dos 60 anos, em 18 núcleos em São Paulo e Mogi Mirim. A iniciativa, mantida por meio de leis de incentivo, leva saúde e qualidade de vida para pessoas em situação de vulnerabilidade social, em bairros onde há carência de atendimento ao idoso. As aulas duram 1 hora e 15 minutos e são oferecidas duas vezes por semana em locais cedidos por instituições sociais, igrejas, shoppings e Unidade Básica de Saúde. Divididas em quatro módulos e conduzidas por dois professores de educação física, as aulas, trabalham o desenvolvimento integral da pessoa: força muscular, equilíbrio, flexibilidade, agilidade, memória e alívio do estresse. Condições importantes para a independência física e uma velhice saudável.
Sobre o Instituto Família Barrichello
O Instituto Barrichello, criado pelo piloto Rubens Barrichello, nasceu em 2005 como entidade sem fins lucrativos, para combater à desigualdade e a exclusão social. Desenvolve projetos inovadores capazes de provocar impacto social e mudanças de comportamento bem como gerar novas possibilidades sociais, contribuindo para abrir horizontes de crianças, adolescentes, jovens e idosos. A direção está focada na promoção da ética, da cidadania e do fortalecimento dos vínculos e valores familiares e comunitários. Atuando em rede com organizações sociais, movimentos e escolas públicas localizadas em bairros com registro de alta vulnerabilidade social e econômica, o Instituto Barrichello temos o Esporte, a Atividade Física e o Brincar como ferramenta de transformação que promove educação, desenvolvimento humano e gera qualidade de vida. Hoje, beneficiamos mais de 3 mil pessoas semanalmente em 4 projetos, alcançando 25 núcleos em São Paulo, além de 4 em Mogi Mirim, totalizando 31. Mais de 16 mil pessoas de todas as idades já foram atendidas pelos projetos do Instituto Família Barrichello nesses 14 anos de atuação.