22 de dezembro de 2024
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Estado auxilia no desenvolvimento de técnica de plantio em áreas montanhosas

Secretaria de Agricultura e Abastecimento incentiva a divulgação da tecnologia conhecida como ‘sobressemeadura’.

O plantio sem preparo do solo emprega técnica simples, de baixo custo e oferece excelentes resultados, porém muitos produtores rurais ainda não conhecem ou, mesmo conhecendo, ainda não adotaram, apesar da Lei de Uso do Solo vigente no Estado de São Paulo, que não permite a utilização de tratores para preparo do solo em áreas com declividade que venham a comprometer a vida do tratorista, em função de prováveis acidentes, e a saúde do solo, que, remexido, fica mais sujeito a erosões.

É por esse motivo que a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado incentiva a divulgação da tecnologia conhecida como “sobressemeadura”, porém melhor entendida quando se fala em “plantio de pastagem sem preparo do solo”, com a implantação de uma unidade modelo em uma pequena propriedade instalada em Santa Isabel, município da área de atuação da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) Regional Mogi das Cruzes.

A instalação dessa Unidade Demonstrativa (UD) tem como objetivo a realização de Dias de Campo para divulgar e incentivar o uso da técnica. Nessas ocasiões, o proprietário do Sítio São Luiz, João Bosco Rezende, receberá outros produtores interessados na técnica desenvolvida pelo engenheiro agrônomo Ricardo Manfredini, extensionista da CDRS que já sugeriu, com sucesso, a adoção deste mesmo modelo em municípios da região do Vale do Paraíba, em especial Natividade da Serra e Redenção da Serra, e que vem recebendo convites para palestras em outros estados que também contam com pequenas propriedades em áreas montanhosas.

Atividade produtiva

O Sítio São Luiz, segundo a zootecnista da CDRS Dayla Ciâncio, que atende a propriedade há cerca de dois anos, é representativa do tipo de espaços da região: pequenas, com atividade leiteira e com pastagens degradadas instaladas em áreas de morro. O produtor conta com dez vacas em lactação e produz cerca de 100 litros de leite por dia com duas ordenhas. Ele trabalha sozinho e a atividade é responsável pela única renda.

“O intuito é primeiro melhorar a alimentação do gado, que recebe ainda capim napier no cocho, para depois melhorar a genética”, explica a zootecnista. Para isso, foi implantado um piquete inicial e, onde havia apenas grama, foi feita a dessecação com glifosato e, posteriormente, jogadas as sementes junto com adubo.

O engenheiro agrônomo responsável pela implantação é Ricardo Manfredini, que comenta sobre a preocupação que o produtor, já descapitalizado, não venha a sofrer multas caso utilize o preparo do solo convencional “com trator morro abaixo” como se costuma dizer.

“É uma técnica ideal para pequenas áreas, porém nada impede a utilização em grandes áreas também, mas o pequeno pode ir fazendo aos poucos, ele sozinho consegue realizar a operação. O principal é primeiro delimitar a área, fazer a amostragem do solo para verificar a calagem, a seguir dessecar e estando seco o mato, fazer a semeadura sobre o mato dessecado”, salienta.

Trata-se de uma técnica diferente do Plantio Direto na Palha (PDP), também muito difundida, na qual a semeadura é feita sob a palha e não sobre a palhada, caso dessa tecnologia. Por esse motivo, ele consegue fazer o plantio a lanço, apenas jogando as sementes, no caso de capim Mombaça, junto com o adubo. Depois de 90 dias, já é possível soltar o gado.

Foto: Divulgação/Agricultura e Abastecimento

Expansão

João Bosco Rezende já pensa em fazer uma segunda área, porque, apesar de ainda não ter soltado o gado, está vendo a diferença entre essa e as demais áreas adjacentes, todas com grama desgastada pelo tempo e sem quase nenhum valor nutritivo para os animais.

Ricardo Manfredini explica que é preciso ficar atento à altura do pasto; antes da entrada do gado chega a 1,50 m e deve ficar “até a altura do cano da bota”. Aí, é hora de tirar o gado para outra área, para que o capim volte a ter crescimento.

“Se ficar muito baixo, não voltará a crescer”, ensina o extensionista, que já viu outras áreas de maior declividade ainda recuperadas com uso dessa mesma tecnologia. No caso, o proprietário optou pela brachiária, não havia um estudo para essa implantação, mas também deu bons resultados, conta Ricardo Manfredini, assim como o Mombaça.

O custo total de um hectare de piquete, contando desde a instalação do piquete e inclusive com as horas trabalhadas pelo produtor, chega a R$ 2.500,00. O produtor espera ver o resultado em pouco tempo na maior produção de leite. Bosco não pretende aumentar o número de vacas porque trabalha sozinho na área, mas ir passando, aos poucos, para um gado Jersey, conhecido pela alta produção de leite.

Ele demonstra ânimo e orgulho ao apresentar o resultado do plantio sem preparo de solo para os demais produtores da região que enfrentam os mesmos problemas de pasto degradado.

Oportunidade

Para Felipe Monteiro, diretor da CDRS Mogi das Cruzes, apesar de não ser a topografia da maior parte dos municípios atendidos pela região abrangida pela Regional, essa é uma técnica valiosa para pequenos proprietários e uma oportunidade de alertar para a Lei de Uso do Solo que, se não atendida, poderá gerar multas e prejuízos.

“É uma técnica de baixo custo, fácil implantação e que protege o produtor de sofrer maiores prejuízos”. Essa é uma forma de auxiliar o produtor e reduzir a evasão no campo. Para aplicação da tecnologia, os interessados podem contar com a assistência técnica e extensão rural da Secretaria de Agricultura, via CDRS, em todos os locais onde for necessária, destaca Felipe Monteiro.

Para mais informações, a CDRS Regional Mogi das Cruzes pode ser acionada pelos e-mails [email protected]   e [email protected].

*Com informações do Portal do Governo de São Paulo