Cirurgia plástica x redes sociais: os filtros estão influenciando o conceito de beleza?
O cirurgião plástico Victor Cutait fala sobre a preocupação excessiva com a aparência acarretada pelas selfies e as pessoas que buscam intervenções extremas para esconder ou mudar suas imperfeições.
Sentir-se bem consigo mesmo é um desafio há muitos anos. Um rosto sem rugas, uma levantada na sobrancelha, um preenchimento labial, uma “barriga chapada” é o desejo de muitas pessoas. Mas, este anseio tem se tornado cada vez mais frequente principalmente com a chegada dos famosos filtros de redes sociais como é o caso do Instagram e Snapchat, que permitem que o usuário chegue a praticamente uma “perfeição visual”. Apesar de parecer inofensivo e ser usado como forma de entretenimento, os filtros têm preocupado cada vez mais os especialistas de saúde.
O artigo médico da JAMA Facial Plastic Surgery cujo o titulo é “Selfies — Living in the Era of Filtered Photographs” (“vivendo na era de fotografias com filtro”) afirmou que os aplicativos de mídia social, como Snapchat e Facetune, têm sido grandes responsáveis por um novo padrão de beleza para a sociedade de hoje, já que eles permitem a alteração da aparência em um instante.
Dados da Academia Americana de Cirurgia Facial Plástica e Reconstrutiva de 2019 apontam que 55% dos cirurgiões relataram ter visto pacientes solicitando procedimentos para “melhorar sua aparência em selfies”, um aumento de 13% em relação ao estudo anterior. No ano passado, o percentual era de 42%.
Essa onda foi apelidada pelo cirurgião plástico Tijion Esho como “disformia do Snapchat”. A disformia do Snapchat é caracterizada pela preocupação excessiva com falhas na aparência, fazendo com que as pessoas tomem medidas extremas para esconder ou mudar suas imperfeições.
De acordo com o cirurgião plástico Victor Cutait, exagerar nos procedimentos pode não ser benéfico ao paciente. “Ao buscar um profissional para fazer um tratamento estético é preciso primeiro entender que existe uma limitação em relação à perfeição e que dificilmente será possível ser tão preciso quanto um filtro de uma rede social e retirar todas as linhas de expressão”, afirma o cirurgião plástico, Victor Cutait.
No Brasil, ainda não há dados que comprovem que o número de cirurgias plásticas têm aumentado por influência dos filtros dos aplicativos, mas de acordo com o levantamento divulgado no ano passo pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), principal entidade da área, foram realizadas mais de 1,7 milhões de procedimentos, sendo 60% para fins estéticos. Estes números refletem à um crescimento de 25,2% em comparação a 2016, quando foi divulgado os últimos números.
“A sua imagem é a melhor coisa que você tem si mesmo. Por isso, é extremamente importante se aceitar e se amar. Você pode fazer procedimentos, pode tentar melhorar, mas a busca pela perfeição é algo que não beneficiará o paciente, pois intervenções desnecessárias podem ocorrer.” finaliza o médico.