22 de novembro de 2024
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O ENEM, as trevas e a progressão

Por: Prof. Sérgio A. Sant’Anna

Faltam pouquíssimos dias para o maior vestibular do País, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM);  a ansiedade incomoda, principalmente para aqueles que por essa seleção já passaram e não obtiveram êxito, todavia há que insistir. Aquele que desiste é fraco, medroso, incapaz. As adversidades são passagens essenciais nesse nosso caminho intitulado como vida, portanto, é mister a convivência com estes desencontros; embora esta geração não esteja acostumada com o negativismo, adversidades, momentos difíceis. Em meio a uma sociedade líquida, brilhantemente teorizada por Zigmunt Bauman, sociólogo polonês, em que o efêmero é o nosso “cartão de apresentação”, as relações inconstantes são reais e o consumismo a coroa de louros, o vestibular e a universidade tornam-se desnecessários.

Mesmo o ENEM ocupando as “cabeças” diante dos demais vestibulares espalhados pelo mundo, há barreiras a serem enfrentadas, que nessa gestão não serão solucionados, mesmo através da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Contudo, é um exame que incentiva a leitura, aguça a interpretação textual e provoca a argumentação.

Na área de “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”, além da Redação, searas que fazem parte do meu campo de ação profissional, anoto um processo em que a variação linguística é colocada em atividade, tornando nossos alunos poliglotas da própria língua; além disso, menos preconceituosos diante dos falares regionais (dialetos) e sociais (socioletos); funções da linguagem, essenciais para o processo comunicativo e as figuras de linguagem, vitais diante do mundo conotativo, fazem-se imprescindíveis para o exame e para as aulas de linguagem ( a Língua Portuguesa em atividade); a formalidade gramatical não foi esquecida, porém a fossilização ocorrida nas aulas de Gramática passaram a serem contextualizadas, ou seja, onde usarei esses recursos linguísticos; a finalidade foi apresentada aos discentes. O falar bem ou mal está associado ao contexto, ou seja, há uma infinidade de elementos que denotam essas definições.

A Literatura Brasileira passou a ser valorizada, ganhando destaque neste exame e ao longo das aulas de Literatura. Autores como Lima Barreto, Patativa do Assaré, Ariano Suassuna, além de Racionais MCs, Crioulo, Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Marcelo Jeneci, Mcida, entre outros são expostos e suas composições dissecadas. Artes, Educação Física, Dança, Cinema, Séries, Cultura Popular são elementos constantes nessa nossa viagem vestibulanda, arma letal contra a ignorância, o preconceito, o descaso com o outro.

Logo, em uma época em que as trevas apossam-se da Educação, o Exame Nacional do Ensino Médio, é o iluminar, a ponte para se investir nesse processo educacional vital. Entretanto, a retirada da zona de conforto e o estímulo ao pensar necessitam estar na base dos currículos regionais e estaduais. Agiremos assim e progrediremos. Uma pausa na retropia vigente e demagógica.

*Prof. Sérgio A. Sant’Anna – Taquaritinguense.  Professor de Redação e Língua Portuguesa na Rede Luterana de Ensino de Porto Alegre e Região Metropolitana; Professor na Rede Universitário de  Cursinhos Pré- Vestibulares do Rio Grande do Sul e Professor de Atualidades e Redação do Certo Vestibulares em Porto Alegre.