Nossa Palavra – O justo direito de espernear
A espada da lei, como Dâmocles, permanece sobre a cabeça de todos. Às vezes, dá o direito de concordar, outras de discordar. Ao escolher o caminho da legalidade, os servidores municipais abriram o caminho do justo espernear, bandeira do direito moderno. Ao estabelecer a busca do diálogo, marco civilizatório da justiça, nosso funcionalismo deu a concessão à Municipalidade de não aceitar (como não aceitou) as reivindicações alardeadas pelo Sindicato. Não deu a mínima e ainda criticou asperamente, através de sua emissora, as intervenções sindicais, jogando a categoria contra seus próprios representantes.
Desde o início do movimento trabalhista que esperava chegar ao dissídio coletivo salarial com uma proposta pelo menos decente (digna seria a palavra certa) para os servidores a Prefeitura fincou pé nos 4% e dela não mais abriu mão. O Sindicato alardeou à Imprensa (rádios e jornais) que famílias do funcionalismo estavam quase sem nada para comer, mas parece que a Justiça não ficou sabendo disso, pois não seria tão insensível assim diante dos acontecimentos. Presume-se que faltou ação por parte de representantes do funcionalismo (ou deles próprios, supõe-se). A Municipalidade ficou à vontade para perpetrar suas vontades. Tanto é, que até a bagatela de R$ 40 no cartão alimentação – que era o pedido (quase uma súplica) dos servidores ao Poder Executivo – este fez ouvidos moucos. Não há nenhuma chance aos servidores municipais por parte da Prefeitura.
Se quem toca o Município são os funcionários públicos, independente do chefe do Executivo, cadê o respeito do prefeito à categoria que o mantém? Não existe o pretenso diálogo, há xingamentos, ofensas banais de ambos os lados, o que não convém. Inclusive é necessária sensibilidade por parte do poder público que, aliás, até agora, não existiu. Se não existiu uma ação maior por parte do Sindicato, faltou jogo de cintura para o prefeito sentar-se com a categoria e estabelecer um dedo de prosa, como sempre acontece. Aqui, desta vez, isso não aconteceu e Mársico foi taxativo: não passou a mão na cabeça de ninguém. E o funcionalismo não teve reação, foi inepto, talvez incapaz de fazer valer suas propostas. Faltou ações de ambos os lados. Se a administração Mársico/Coelho da Rocha talvez tivesse um coordenador político, por exemplo, não chegaria a um imbróglio ao qual chegou com o funcionalismo municipal. Está sendo quase um braço-de-ferro com a categoria, o que é péssimo para um político (que pretende inclusive a reeleição).
Com a devida desculpa ao alcaide, não é cabível esse tipo de “emburramento” no homem público que se pretende alçar novos voos. Ao funcionalismo, não cabe outra alternativa agora senão espernear. A Municipalidade já deixou branca como a neve que não pretende dar reajuste mais que 4% (pelo contrário, já se fala até mesmo em retroceder para 3%). Devemos sair em busca da paz, do diálogo, da conciliação, mas com respeito, sem preconceito. Os funcionários da Prefeitura merecem toda consideração, não podem ser tratados como cachorros que caíram de mudança.