16 de novembro de 2024
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Conheça o acervo digital do Museu da Imigração

São mais de 250 mil imagens, incluindo a lista dos imigrantes que chegaram ao Brasil pelo Porto de Santos.

Um baú de memórias e preciosidades. Assim pode ser definido o acervo digital do Museu da Imigração, que possui mais de 250 mil imagens disponíveis para consulta e download gratuito, em uma ferramenta que revoluciona o acesso a fragmentos da história paulista e brasileira.

O projeto Memória da Imigração integra, por meio de um banco de dados online, o acervo digital do Museu da Imigração e documentos pertencentes ao Arquivo Público do Estado de São Paulo.

O trabalho teve início em janeiro de 2011, coordenado pelo Arquivo Público, e envolveu etapas de organização documental, intervenções de conservação e preservação, digitalização e tratamento das imagens digitais.

Como resultado, o banco de dados desenvolvido oferece acesso amplo, público, democrático e organizado a um acervo de inestimável valor material e imaterial relacionado à memória da imigração no Brasil, garantindo ainda a preservação dos documentos originais.

Para a técnica do Museu da Imigração Mariana Martins o acervo é fundamental para quem busca a sua história familiar e tem um antepassado que migrou para São Paulo. “O consulente consegue acessar listas de bordo, registros de matrícula na Hospedaria de Imigrantes do Brás, além de fotografias, mapas e plantas de empreendimentos públicos, como os núcleos coloniais, além de jornais produzidos por comunidades migrantes e requerimentos encaminhados para a Secretaria de Agricultura solicitando restituição de passagem, por exemplo”, explica.

Foi o que aconteceu com Ridete Pozzetti, que estava em busca da cidadania Italiana. A pesquisa começou com pequenas informações na família, com os parentes mais idosos. “Recordei de algumas conversas onde citavam coisas tipo: a esposa do italiano chamava Ana e tinha um sobrenome que lembra espaguete. Depois disso, busquei no Google sobre os arquivos e museus de São Paulo e do País que guardassem informações sobre imigrantes italianos e achei o Museu da Imigração. Entrei no acervo online e vi que tinham o registro das listas da hospedaria de imigrantes”, conta.

Ridete ainda conta que a busca não foi fácil. “Para minha surpresa, quando digitei meu sobrenome existiam inúmeros registros. O nome que eu buscava era José e percebi que não encontraria nenhum, pois os nomes ali não estavam abrasileirados. Encontrei quatro Giuseppes e não sabia como iria entender qual era o meu. Aí me dei conta que pelos cálculos de idade, ele deve ter vindo criança. Encontrei uma família com um Amadio Pozzetti cuja esposa chamava Anna Scacchetti e que o sobrenome lembra espaguete e eles tinham um filho chamado Giuseppe de 4 anos. Não foi fácil, mas valeu a pena”, explica.

A ferramenta permite buscas baseadas em diferentes parâmetros, disponibiliza resultados organizados entre os critérios:

Cartas de chamada – Cerca de 32 mil documentos que declaravam garantia de auxílio ao imigrante que pretendesse se juntar à família já instalada no Brasil. Os formulários e cartas facilitavam a entrada do imigrante que viesse trabalhar no país, pois comprovavam a existência de um responsável pelos gastos com passagens e alimentação.

Registro de matrícula – Documentação que comprova a passagem do imigrante pela Hospedaria. Por meio do sobrenome é possível encontrar informações referentes à data de chegada, idade, familiares, entre outras. A página do livro em que consta o registro pode ser visualizada em formato digital.

Cartográfico – Conjunto de mapas e plantas de núcleos coloniais, loteamentos, fazendas, edificações e da Hospedaria de Imigrantes, contabilizando mais de 2.800 arquivos.

Iconográficos – Pesquisa que disponibiliza cerca de oito mil documentos que compõe o acervo de imagens. Entre os materiais, estão retratos de imigrantes, cartões postais, fotografias de viagens e da antiga Hospedaria.

Requerimentos da Secretária da Agricultura, Comércio e Obras Públicas – Documentos formulados pelos imigrantes buscando obter a restituição de despesas de transporte até a chegada ao Brasil. Alguns desses requerimentos solicitavam antecipadamente passagens ou serviam para prestar contas de adiantamentos.

Jornais – Disponibiliza mais de duas mil edições de jornais de colônias de imigrantes no Brasil, publicadas entre os anos de 1886 e 1987. A maior parte dos títulos está na língua materna do grupo de imigrantes ao qual a publicação era dirigida. As edições pertencem ao acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo, Instituto Italiano di Cultura de São Paulo e Instituto Histórico Geográfico de São Paulo.

Lista Geral de Passageiros para o Porto de Santos – Relação nominativa dos imigrantes embarcados no período de 1888 a 1965, principalmente em portos europeus, com desembarque previsto no Porto de Santos. Nesta lista constam informações sobre parentesco, nacionalidade, sexo, estado civil, profissão, idade, religião, grau de instrução, dados do passaporte, procedência e destino. Esta documentação era preenchida pelas companhias de navegação e entregue a um funcionário da Inspetoria de Imigração no Porto de Santos. Existem também listas de passageiros brasileiros e estrangeiros, que se movimentaram entre portos da América do Sul ou entre portos brasileiros neste período. Podem ser encontrados ainda, documentos anexos variados, de alguma forma vinculados aos dados constantes nas listas.

Mariana ainda reforça que o Acervo Digital é um serviço de grande relevância, publicizando documentos históricos e auxiliando consulentes que não possam vir fisicamente ao Museu. “No entanto, o Museu da Imigração oferece, também, um serviço complementar para auxiliar nessa pesquisa, presencialmente no Centro de Preservação, Pesquisa e Referência (CPPR), de terça a sábado, das 10h às 16h, ou pelo e-mail [email protected]“, finaliza.

Do Portal do Governo