Saúde bucal: Distúrbios da ATM podem causar dores faciais
Dores de cabeça, ouvido, pescoço, ombros, maxilar travado e mordida incômoda podem ser alguns dos sintomas mais frequentes.
A articulação temporomandibular (ATM) é uma das articulações mais complexas do corpo humano, responsável por ligar a mandíbula ao osso temporal do crânio, que fica à frente das orelhas, nas laterais da cabeça. Por ser flexível, essa articulação possibilita que movamos a mandíbula para frente, para trás e para os lados. Mais do que isso, permite que possamos falar e mastigar.
Os músculos da mastigação são os encarregados de controlar a posição e o movimento da mandíbula. Quando um problema impossibilita o funcionamento adequado desse sistema, temos a DTM.
A disfunção afeta milhares de pessoas, de qualquer idade, sexo ou raça, embora acometa principalmente as mulheres na idade adulta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a dor de cabeça atinge mais de 80% das mulheres em idade fértil, contra 65% dos homens.
Uma das queixas mais frequentes nesse contexto é a dor, que pode se manifestar na face, no ouvido, no fundo dos olhos, na cabeça ou no pescoço. Estalos na articulação da mandíbula, sensação de entupimento no ouvido e até mesmo tonturas podem ocorrer também.
A DTM é um problema multifatorial. Acidentes, quedas nas quais a mandíbula ou o rosto foram lesionados, estresse, tensão muscular e até mesmo a postura podem influenciar em seu desenvolvimento. Além disso, existem outras condições que contribuem para o transtorno, caso de predisposição genética, hábitos como roer unhas ou mascar chicletes constantemente e o bruxismo (quando a pessoa range os dentes durante o sono).
É importante ressaltar que a DTM também pode acontecer devido a doenças sistêmicas como artrite reumatoide, fibromialgia, câncer, entre outras. Por isso, dores faciais em geral, mas principalmente aquelas frequentes, merecem atenção redobrada e uma visita a um especialista para que outros males sejam descartados.
Desde 2002, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) reconhece a Disfunção Temporomandibular e a Dor Orofacial como uma especialidade à parte. Por isso, o cirurgião-dentista é o profissional mais adequado para flagrar e tratar o distúrbio. O diagnóstico da DTM é complexo e muitas vezes os sintomas podem estar relacionados a outros problemas. Não existem testes padronizados para a detecção. Na maioria dos casos, o profissional realizará exames físicos para verificar a dor, além de examinar os músculos responsáveis pela mastigação. Exames de imagem como raio-x, tomografia computadorizada e ressonância magnética da mandíbula podem ser solicitados para complementar a investigação.
Apesar de ainda não existir cura para a DTM, há tratamentos que diminuem consideravelmente os sintomas. Essas abordagens variam de acordo com o tipo de dor e a complexidade. Tratamentos menos invasivos são sempre a primeira escolha. Métodos de terapia física como a utilização de calor, ultrassom, laser e eletroestimulação podem ser utilizados. E placas de mordida e outros dispositivos intraorais, quando bem indicados, ajudam bastante.
Não é raro que ocorra também a recomendação de medicamentos antiinflamatórios ou relaxantes musculares. Em alguns casos, quando se confirmam dores musculares crônicas, podem ser prescritos remédios antidepressivos e anticonvulsivantes para auxiliar no controle do desconforto.
Técnicas menos convencionais como as de relaxamento também ajudam a controlar a tensão muscular na mandíbula. Em algumas situações, a toxina botulínica pode ser empregada, mas sempre com muito critério. A cirurgia é recomendada em cerca de 4 a 5% dos casos.
Na dúvida, consulte sempre um cirurgião-dentista e especialista em DTM. Ele é o profissional mais indicado para realizar o diagnóstico e nortear o tratamento adequado.