Educação: Menina com Down comemora formatura em escola pública após ser rejeitada na rede privada
Valentina se formou no ensino infantil em uma escola pública, depois de vencer o preconceito ao ser recusada por quatro escolas particulares.
Com apenas 6 anos, Valentina foi rejeitada por quatro escolas particulares em Taubaté (SP), cidade onde a família da pequena mora. A menina tem síndrome de Down e algumas particularidades, como dificuldade para andar e se alimentar.
Rodeada de muito preconceito, os familiares quase desistiram de colocar a criança na escola.
Apesar da lei que existe e deveria imperar nas instituições de ensino, tanto da rede pública quanto privada, aceitando até três alunos especiais por turma, Rita, mãe de Valentina, conta que não é bem isso que acontece na prática. A necessidade fez com que a mãe da garotinha tomasse à frente de um grupo de apoio, aliada a outros pais de filhos especiais, com histórias de rejeição parecidas. “É muito triste a gente ter que passar por isso. Eu mesma quase fiquei desacreditada [na lei] e quase não levei minha filha para a escola. Quando chegava na porta das escolas, o pessoal devia pensar ‘nossa, tem Down, não anda, não come, usa fralda’. Foram quatro negativas muito tristes, até que eu achei a escola municipal. Eu fui muito acolhida”, afirma Rita, administradora da página Família Down Taubaté e Região, no Instagram.
A EMEI Maria Pereira Santiago da referida cidade foi o local que ofereceu acolhimento à família. “Já conhecia a síndrome de Down. Busquei mais informações e fiz jogos e atividades para atender às necessidades dela. Este ano foi um novo desafio. Pedimos para que ela ficasse mais um ano comigo. Então, fiquei responsável por integrá-la à turma nova, com colegas que não a conheciam. Conscientizei os alunos sobre o tema da inclusão, mostrei as capacidades dos alunos especiais e seus direitos com uma abordagem lúdica”, lembra Amanda, professora de Valentina.
No dia da tão esperada formatura, a menina entrou na cerimônia caminhando com a ajuda de um andador cor de rosa, feito com canos de PVC. O equipamento foi presente de um voluntário da escola que, a pedido de Amanda, trazia os nomes das professoras e colegas da pequena “Vava”, como é carinhosamente conhecida.
“Foi o que mais me emocionou. Ver ela andar sozinha, vencendo a timidez. Não teve como segurar a emoção e não foi só a gente, mas a escola inteira chorando. Porque foram muitas vitórias durante todo esse processo. Vitória alimentar, vitória contra a timidez, da questão da autonomia. Foram muitas vitórias, mas essa foi demais!”, ressalta Rita.
No próximo ano, Valentina cursará o 1º ano do ensino fundamental, em uma escola da rede municipal de Taubaté.