23 de dezembro de 2024
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Nossa Palavra – A teoria na prática é outra

Os acordos firmados em política nem sempre são cumpridos. Dorme-se com uma camiseta roxa e acorda-se com uma esverdeada. Quem já viu a época do fio de bigode sente saudades. O honesto dava lição para quem não mantinha sua palavra. Hoje em dia nem juramento sobre a Bíblia está valendo. Carradas de razão teve o pronunciamento do prefeito Vanderlei, quando se irritou com a hipotética “traição” do presidente da Câmara, vereador Rodrigo de Pietro, que subira no caminhão da coligação momentos antes da eleição municipal.

Apurada a contagem dos votos, todavia, de Pietro chutou os princípios da ética partidária e ficou do lado do povo. Nada demais? Quando Paulo Delgado foi candidato a vereador estendeu as mãos para o ex-prefeito Milton Nadir (e seu irmão Tarzan), mas passado o período eleitoral Delgado arriscou voo solo e foi plenamente feliz. Não concordamos, por assim dizer, com o fim da fidelidade partidária. Nós, deste O Defensor (que sempre primou pela postura transparente, única e democrática) acreditamos que a fidelidade mantém – como no matrimônio – um compromisso de atuação do candidato eleito com seu eleitor.

A fidelidade partidária é importante sim. Infelizmente os políticos não gostam de compromisso. Preferem ficar pulando de galho em galho. Não honram suas promessas nem mesmo com seus correligionários. Ao não arredar pé de sua ideia de acabar com o Ministério do Trabalho (MT) o presidente eleito Jair Bolsonaro também trai seu compromisso com a classe trabalhadora antes mesmo de assumir o mandato. A pasta da Cultura, já sabíamos todos, não teria futuro no novo governo federal.

Não foi novidade aos olhos dos intelectuais. Na época da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS, hoje Rússia) de Joseph Stálin – um dos ditadores mais sanguinários da história – se consagrou a tese de que só merecia crédito quem pegasse no guatambu. Atividades artísticas como poetas, músicos, dançarinos, escritores não eram afinados com as massas populares e, portanto, não deveriam fazer parte da revolução. Pura bobagem. Há tantos idiotas na esquerda quanto na direita.

Na esquerda, por exemplo, há muitos revoltados e poucos revolucionários. Não dá para separar alhos com bugalhos, muito menos separar o joio do trigo. Infelizmente, não se cumpre mais o que se promete. Quando se fala em ideologia, pergunta-se: qual ideologia? É tudo farinha do mesmo saco. O que impera hoje, até as crianças do grupo escolar sabem disso, é a ideologia da propina, da corrupção. Enquanto ela não for eliminada todas as outras resistirão como aroeiras.

Vamos torcer para que essa nova safra de políticos mude a mentalidade que se impregnou na cabeça dos brasileiros sob a influência da Lei de Gérson. A tarefa política hoje, enfim, é extinguir não ministérios mas fazer valer os que já existem, conscientizando trabalhadores de que sindicatos, desde que representativos, são importantes para a nação como um todo. Precisamos fazer cumprir e não extinguir. De nada adianta muitas leis sem ninguém para cumpri-las. E devem ser cumpridas com rigor e severidade.