ONG aponta que desigualdade de renda para de cair e número de pobres cresce
Discrepância social fica estagnada pela primeira vez nos últimos 15 anos.
De acordo com o relatório divulgado nesta segunda-feira (26) pela Organização Não Governamental Oxfam, pela primeira vez nos últimos 15 anos, a desigualdade de renda ficou estagnada em 2017. Assim, o Brasil subiu um degrau no ranking mundial de desigualdade de renda, passando a ser o 9º país mais desigual.
No relatório, denominado “País Estagnado”, a Oxfam mostra ainda que, entre 2016 e 2017, o Brasil se manteve no mesmo patamar do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), seguindo na 79ª posição em um ranking de 179 países. O impacto negativo foi o indicador de renda, que registrou queda nas menores faixas.
Alguns destaques do relatório:
- número de pobres cresceu 11% em 1 ano, atingindo 15 milhões de brasileiros 2017 (7,2% da população);
- rendimentos do trabalho dos 10% de brasileiros mais ricos cresceram 6% de 2016 para 2017; já entre os 50% mais pobres, a renda caiu 3,5%;
- rendimento médio do 1% mais rico é 36,3 vezes maior que o dos 50% mais pobres;
- pela 1ª vez em 23 anos, a renda média das mulheres caiu em relação à dos homens, de uma proporção de 72% para 70%;
- a diferença salarial entre negros e brancos também aumentou: em 2017, negros ganhavam em média 53% dos rendimentos médios de brancos, ante 57% em 2016;
- volume de gastos sociais no Brasil retrocedeu ao patamar de 2001;
- pela 1ª vez desde 1990, o Brasil registrou alta na mortalidade infantil, que subiu de 13,3, em 2015, para 14 mortes por mil habitantes em 2016.
No relatório consta que em 2017 o País tinha 15 milhões de pessoas pobres, que sobrevivem com uma renda equivalente a US$ 1,90 por dia, critério estabelecido pelo Banco Mundial. Esse número representa uma alta de 11% em relação a 2016.
Em 2017, os 50% mais pobres da população brasileira tiveram uma retração de 3,5% nos rendimentos do trabalho. Já os 10% mais ricos tiveram um crescimento de quase 6% em seus rendimentos do trabalho. A renda média dessa população foi de R$ 9.519,10 por mês.
Foi apontado também queda da desigualdade de renda entre negros e brancos. Em 2016, os negros ganhavam em média R$ 1.458,16, o equivalente a 57% dos rendimentos médios dos brancos. Em 2017, esse percentual ficou ainda menor, passando para 53%.
Para avançar com saldos positivos na distribuição de renda, o relatório sugere mudanças na forma como o Estado arrecada e gasta. A Oxfam afirma que o sistema tributário do País vai na contramão do modelo dos países desenvolvidos ao privilegiar impostos indiretos (sobre produção e consumo) em detrimento daqueles que incidem diretamente sobre renda.