Exemplo: Ex-catador de latinhas vai cursar em Harvard
Brasileiro deu a volta por cima e mostra como tudo é possível quando existe determinação.
O professor de ciências da computação Ciswal Santos Nascimento, de 31 anos, foi selecionado para estudar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais tradicionais do mundo.
O ex-catador de latinhas de Juazeiro do Norte, no Ceará, que fazia bicos para comprar o material escolar, vai estudar para desenvolver um projeto que pode ajudar milhares de pessoas de sua cidade, através de um equipamento que reduz em 70% o consumo de energia, a baixo custo.
Ele vai receber aulas on-line de professores de Harvard por 18 meses, podendo prorrogar o período letivo por mais 18 meses e, a partir daí, angariar recursos públicos e privados para criar o equipamento de energia solar sustentável.
Ciswal, que fez eletroeletrônica e eletrotécnica na Faculdade de Tecnologia do Cariri e licenciatura em física pela Universidade Federal do Ceará vendendo latinhas, trabalhou pesado para obter esta conquista.
“Sou filho de uma faxineira; minha mãe, Valdenora, sempre trabalhou para nos dar comida. Só que precisava de dinheiro para comprar materiais, farda e xerox de apostilas, pois não tinha como comprar livros. Comecei a trabalhar em um mercantil ganhando R$ 20 por semana, porém às vezes nem recebia, pois levava comida do mercantil para casa e era descontado”, lembra o professor. Como o dinheiro era pouco, vi no lixo a oportunidade de suprir minha necessidade e minha vontade de estudar. Quando eu saía da faculdade à noite, andava pelos bares de Juazeiro do Norte catando latinhas de cerveja para vender no quilo, isso eu ainda fardado”, lembra o professor.
No momento em que pensou em desistir, Ciswal conta que recebeu apoio do proprietário do bar onde ele catava as latas.
“Me senti um nada e chorei. Contei a ele [o proprietário do comércio] o motivo, ele colocou a mão no meu ombro e disse que eu não precisava me envergonhar e que eu não fosse mais lá tão tarde e usasse esse tempo para estudar mais que ele guardaria essas latinhas para eu pegar pela manhã”, diz o professor, “assim eu me formei, graças a esse anjo e às latinhas de cervejas que peguei no lixo”, completa.
A reportagem foi divulgada no último domingo (11), pelo programa Fantástico da Rede Globo de Televisão.