Nossa Palavra: Procurando a quinta pata do gato
Essa expressão argentina (“buscarle la quinta pata al gato”) é para quem não aceita a realidade vendo problemas onde não há, negando fatos ou acreditando em conspirações. Nesta cidade, por exemplo, convivemos muito com isso. Vira e mexe “explode” um homem-bomba no face detonado pelas forças conservadoras do clientelismo político. O sobrenome da velha árvore genealógica tem muita força na Cidade. Vale mais do que qualquer conta bancária.
Ao falar que fulano é filho de sicrano ou vice-versa está se expondo o bom (e mau) caratismo da pessoa em questão. Esse quesito, como num julgamento carioca de escola de samba, merece ser melhor analisado do que simples fofoca de comadres. Problemas existem e precisam ser escancarados aos olhos da população. Não podem ser empurrados para debaixo do tapete. Um antigo adágio popular já rezava que contra fatos não existem argumentos.
Os fatos não podem ser negados, como querem fazer crer meia dúzia de baguás. E, muito menos ainda, acreditar (ou fazer o povo acreditar) em conspirações. Por mais que essa oposição de quatro ou cinco tente, jamais ela teria a força de uma conspiração. Taquaritinga é pequena demais para se apunhalar pelas costas. Não se pode ter a pretensão de aqui se tentar um golpe de Estado, muito menos uma guerrilha revolucionária. Assim como não dá para comer um prato retratado na tela, isso é impossível de alcançar.
Estamos querendo ser mais realistas do que o rei. Como aquele grupelho que tinha a pretensão de decretar aqui no município um isolado impeachment da então presidente Dilma. A cidade derrubando uma presidente da República. Taquaritinga continua tão sonhadora e romântica como na época de Ribeirãozinho ao tentar restaurar a Monarquia depois da proclamação da República. E sozinha, isolada do país.
Não podemos ver em cada sombra na parede um terrível psicopata predisposto a nos assassinar na próxima esquina. Infelizmente, a política partidária está cheia disso no município. Quem chega no poder e detém as rédeas de comando é um fatídico candidato a bater as botas antes da próxima eleição. E vê em cada eleitor alguém querendo quebrar açúcar nas costas dele. É difícil mesmo a vida boçal na província, mas não se pode negar que aqui, como antigamente em Exú (PE) acontecia, a briga não parava depois da eleição e o representante eleito via um inimigo em cada cidadão do bem disposto a colaborar com o governo.
Não podemos reviver essa paranóia que custou tantas discórdias familiares, inúmeras brigas entre amigos. Ao comparar o personagem Ubaldo, onde o cartunista Henfil expunha n’O Pasquim as paranóias diante da ditadura dos generais nos anos de chumbo, essa melancolia não deve voltar. Necessitamos, agora como nunca, exercitar a democracia e estreitar laços fraternos com os conterrâneos. Se a cidade não estiver unida, pereceremos na primeira derrocada. Assim como no futebol, a prática política tem que ser deveras coletiva.
Taquaritinga de há muito entendeu que uma andorinha só não faz verão e de nada adianta procurar chifres em cabeça de cavalos, dando a entender à população que um grupo do contra vive tocando as trombetas do apocalipse, a fim de desestabilizar o staff governamental. O povo sabe de seus compromissos de pagar os impostos e de colaborar com as autoridades constituídas. E não poderia ser diferente. Não é de bom alvitre atirar pedras aqueles que têm cobertura de vidro. Isso , para usar uma expressão usada em armênio, é quando alguém, por falta de atenção, causa um problema muito difícil de resolver.
Prosseguimos considerando que não se pode sorrir com os dentes de outra pessoa.