Nossa Palavra: A imprensa, outra vez
O prefeito de Taquaritinga, Vanderlei José Mársico, uma vez mais voltou a cutucar a imprensa em seu programa radiofônico de sábado passado na emissora de sua propriedade. E de novo o chefe do Executivo não citou nomes daqueles que pretensamente o estão criticando. Ao ser questionado, o chefe do Executivo foi taxativo ao dizer que a imprensa não está cumprindo seu papel, já que deveria ir ao gabinete do prefeito e apresentar soluções. Não era exatamente isso, convenhamos, o que se via nas duas gestões em que o ex-prefeito Paulo Delgado esteve com as rédeas do poder e o atual alcaide, Vanderlei Mársico, fazia ferrenha e atroz oposição em sua rádio e jornal. Aos sábados, naquela época, montava-se uma equipe (quase diríamos um plano de guerra) para trucidar Delgado e seus escudeiros que o único mal que fizeram foi impor uma sonora derrota para a turma de Mársico que não era digerida tão facilmente.
Mársico, daquela vez, utilizou Câmara (ele chegou a ser presidente da Casa), jornais e rádios para detonar a administração adversária. Nunca se soube do atual prefeito ter ido a gabinete de Delgado apresentar soluções para os problemas governamentais (que, a exemplo de agora, não eram poucos). Atualmente, Mársico diz categoricamente que, apesar das rusgas políticas, jamais prejudicou administrativamente o governo de Delgado, o que não é verdade. Tanto é que, agora, com telhado de vidro e sabendo o quanto é duro governar um município do porte de Taquaritinga, Mársico chega a dar a mão à palmatória e pede para que o ajudem a governar, evitando críticas na imprensa e no próprio Legislativo. Tanto a imprensa quanto os vereadores (que são os legítimos representantes do povo) fazem a sua parte e não seria de bom alvitre se assim não o fizessem. Os contrários são saudáveis e devem existir sempre.
Infelizmente, o abacaxi deverá ser descascado pelo prefeito Vanderlei daqui para a frente. Não se há o que fazer. Defendemos (e isso deixamos bem claro em recente editorial deste hebdomadário) que o atual chefe do Executivo seja apoiado nas boas empreitadas, mas isso não o exime de erros (inclusive do passado) e nem das críticas e opiniões daqueles que o rodeiam. Não se pode ser perfeito e nem ter a pretensão de dono da verdade. Ser mais realista do que o rei, jamais. Topamos – assim já o dissemos aqui – sentar, governar, dialogar, mas sem precisar aderir a plataforma administrativa do político, mesmo respeitando seus princípios. Já dissemos inúmeras vezes que o prefeito de plantão tem ótimas ideias e cheio de iniciativas e, doravante, precisaria de bons conselheiros e não esses que vestem pelo em pele de cordeiro.
Ao calçar as sandálias da humildade, o chefe do Executivo dará mostras de sua boa vontade política, incluindo seus adversários que torcem incessantemente para que tudo dê errado no Paço Municipal José Romanelli. E como tem dado errado, se vocês me entendem. Como não está dando ouvidos para quem tem razão, as pessoas de bem estão se afastando do convívio do prefeito eleito. É a redoma de vidro em que ele foi enfiado pelos correligionários e que deve sair urgentemente para o diálogo com os moradores sob pena de amargar uma derrota mais acachapante. E, desta vez, sem os braços de apoio de Delgado e da própria imprensa que hoje (não se sabe exatamente porquê) Mársico tanto detesta. Dr. Adail (o popular Negão) já costumava aconselhar: nunca se deve brigar com a igreja, a maçonaria e a imprensa. O atual alcaide tem que fazer essa lição de casa que o resto virá normalmente na sua vida política.