Nossa Palavra: Deu xabu
O último editorial desta folha não se fez de rogado ao propor ao chefe do Executivo metas concretas para a solução dos problemas que a Cidade enfrenta. Para tanto, defendemos uma união das forças vivas em torno dos objetivos, desde que o prefeito municipal abrisse o leque de alternativas para que a população pudesse opinar. Acreditamos, assim, que as dificuldades ficariam minimizadas diante da crise mais grave, que é justamente a falta de dinheiro nas burras municipais.
Não deu certo. Infelizmente, Taquaritinga viva uma crise político-partidária sem precedentes, criando-se mesmo um hiato administrativo no governo Mársico/Coelho da Rocha, por conta da falta de habilidade política de seus mentores. A situação chegou a tal ponto de se perguntar: se o prefeito Vanderlei renunciasse será que seu vice, Luiz Fernando, assumiria a cadeira vaga? É pouco provável. Alguns assessores blindaram o chefe do Executivo, o colocaram numa redoma inquebrantável, da qual ele só sai a fórceps. Não é mais adequado para quem exerce um cargo público.
O alcaide – como empresário que é – tem que se tornar uma força popular e não meter os pés pelas mãos como costuma fazer nos embates políticos. Inúmeras frases costumam definir com clareza esse anedotário brasileiro. Por exemplo: o bom cabrito não berra, macaco esperto não mete a mão em cumbuca, se grito resolvesse porco não morria. Acreditávamos do fundo d’alma que o Nossa Palavra da semana passada encontraria eco nas hostes governistas , pelo menos calaria fundo as palavras reflexivas em quem é apenas passageiro no poder. Não foi. Quem ligou o rádio na manhã de segunda-feira já decepcionado com o insucesso da seleção brasileira na Copa, espantou-se com o bafafá que algumas palavras do prefeito municipal criaram entre dois vereadores que se dizem oposição no nosso já tenso cenário político tupiniquim.
Ambos, é claro, deveriam dar tempo ao tempo para que o chefe do Executivo pudesse externar sua ideia e opinião. O tumulto foi inevitável para quem já está com seu pensamento formado. Não era esse o diálogo a que nos propusemos na semana que passou, já que sabemos que o prefeito Vanderlei não é de dar a mão à palmatória àquele que não lhe apetece. Pelo menos esperávamos que vereadores não abrissem mão da prerrogativa de defender o cidadão comum, como estão abrindo em favor de vaidades particulares em detrimento do bem-estar geral da comunidade. Nada mais errado. O Legislativo é o bastião que sustenta o processo democrático em pé e por ele devemos lutar.
Ao criar um clima de confronto entre a Prefeitura e a Câmara, essa política taquaritinguense retrocede milhares de passos ao leito provinciano e subdesenvolvido do pensamento do começo do século e ameaça as conquistas já alcançadas pelos nossos antepassados nesta Terra de Ribeirãozinho. A mentalidade atrasada do “quanto pior, melhor” não combina com o desenvolvimentismo pregado aos quatro ventos pelo atual prefeito e, para tanto, como já sugerimos, o diálogo é o melhor remédio. Desde que o alcaide não feche os ouvidos.
Entretanto, leitores e leitoras, não é o que parece. O chefe do Executivo está irredutível quanto às discussões e promete não levar avante as críticas (algumas maldosas, é certo) senão pela Justiça. Infelizmente, a maioria delas resvalam pela política partidária e caem na ribanceira dos fuxicos inconseqüentes das redes sociais. Não podemos prosseguir nessa tumultuada estrada perigosa das hipóteses. Em outras cidades, é perceptível as brigas políticas acabam assim que as eleições terminam. Precisamos seguir essas regras. Já está na hora.
Ou será que os nossos propósitos de pacificação dos ânimos deram xabu?