Nossa palavra: Entramos no mês de junho, dos namorados e das festas caipiras
Considerado o mês dos namorados e das festas juninas, o mês de junho se caracteriza pelo romantismo e pela tradição das festas consideradas caipiras. Junho traz na lembrança as danças e comidas típicas, que nos remetem à gostosa infância das noites de Taquaritinga. Infelizmente esses tempos bicudos e nada românticos, onde o amor não está mais no ar, o dia dos namorados e as festas juninas teimam em resistir à modernidade e fazem o modismo do mês.
Quem nunca namorou de rosto colado no escurinho do saudoso Cine São Pedro ou dançou ao som de valsa no salão do antigo Clube Imperial não sabe o que perdeu. O dia dos namorados permanece, mas as lembranças não são mais as mesmas. As épocas mudaram e hoje, por assim dizer, os costumes são outros (qual o casal que, agora, vai comer pipoca no carrinho da Praça Dr. Horácio Ramalho, antiga 9 de Julho, ao lado do coreto, onde a bandinha furiosa executava suas marchas?).
Mas até o hábito de adorar nossos santos se transformou. Poucas são as moças que devotam uma fiel oração a Santo Antônio para conquistar seu namorado. Ou colocam a imagem milagrosa de cabeça para baixo para encantar seu príncipe. E na véspera de São João, por exemplo, não existe mais aquele devoto que passava descalço na fogueira em brasas vivas, principalmente no Distrito de Jurupema, onde pais e filhos se revezavam nas noites de lua cheia. São Pedro, aquele bondoso velhinho de barbas brancas, tinha as chaves do tempo e, quando as famílias reclamavam do tempo seco e da falta de chuvas, ele abria as torneiras do céu.
Eram os santos do mês de junho, alguns deles até mesmo folclóricos, mas faziam parte do calendário, num mês onde o que valia era o pé-de-moleque, a paçoca, o pinhão e o milho verde. Onde as danças de quadrilha e o arrasta-pé faziam parte dos folguedos adultos e tudo valia a pena, pois a alma não era pequena. Dançar quadrilha não era fazer parte de um esquema de corrupção, como hoje o é, lamentavelmente. Fazia-se festa junina no meio da rua, coisa impossível de se realizar agora, com certeza ia acabar em tiroteio ou quebra-pau, talvez em briga de matar.
Nos sítios, nas fazendas, nas periferias, a situação é a mesma, as tradições se foram inexoravelmente e, apesar da nostalgia, não voltam mais. Nestes tempos de falta de combustível (em que até a tiragem da impressão deste O Defensor ficou comprometida na gráfica), nada melhor do que a volta das tradições nesse ínterim. Era o caso de se pensar.