Artigo: Arbusto, embuste, fotografia e Plutarco…
Por: Gustavo Girotto, jornalista
Distinguir um embuste de um arbusto, muitas vezes, não é tarefa corriqueira. Somente prestar atenção não funciona, sistematicamente, é necessário olhar além da fotografia. A escolinha atrapalhada de seguidores féis do prefeito João Dória Jr. arrebanha, a cada nova alvorada, uma horda de ‘aprendizes’ que apostam em transmitir imagens simpáticas ao povo. Uma nova intrujice, toda semana, floresce nas redes sociais.
Para um político com baixa contabilidade de realizações no currículo – lembrado apenas pelas coloridas camisas polos Lacoste, sapato de camurça e gostos excêntricos – se transvestir de gari, encanador e agente de trânsito ecoa como uma tentativa desarticulada de ganho de popularidade. Seja em Jurupema ou no Uzbequistão, o fracasso acompanha a artimanha. E quem comemora, a cada nova ridícula aparição, são os adversários. Nem precisam de pesquisa: o gesto denuncia o mar de desprestígio e impopularidade que assombram a mente daqueles que (des) governam.
O saudoso Dr. Fued Simão, quando assumira o paço municipal, acabou surpreendido com uma foto na capa do jornal Tribuna de Taquaritinga. Caricato por natureza, quando recebeu em condições inaceitáveis o carro oficial, não titubeou: mesmo em traje social, pegou a mangueira d’agua e lavou o veículo. Eu fotografei, o Luiz Eduardo Schneider, grande jornalista local, estampou sem penitência na capa. Quem comemorou? A resposta é simples: o próprio Dr. Fued. Quando tem espontaneidade, uma boa imagem fala por si só.
Esquecem os que trafegam na mão invertida, até por falta de feeling, que a mais suasória das apresentações é a ‘autenticidade’. A leitura da orelha do livro ‘Como Distinguir o Bajulador do Amigo’, de Plutarco, escrito no princípio da Era Cristã, provavelmente, ainda não embelezou a cabeceira da cama. Uns gostam de gibis, outros de Playboy; muitos gostam de livros de história e, outros tantos, não gostam de nada. Vida que segue – têm ouvidos, mas não ouvem.
Aos que cansam ao ler livros, em miúdos, Plutarco trata da sutil distinção entre um verdadeiro amigo e um mero oportunista; desnuda nossas próprias falhas, revelando o quão somos responsáveis por nos cercarmos de bajuladores. Na prática cotidiana, ou vida real, significa que ouvir cegamente os próprios assessores já é de uma ingenuidade abissal. Imagina então levar em consideração a opinião de um plantel de aliados que, nitidamente, são fiés seguidores de um desafeto de estimação.
A fotografia para campanha é importante e pode ser decisiva na hora de uma eleição. O caminho da salvação, até para escapar da arapuca, é reagrupar imediatamente os verdadeiros companheiros. Mas a mentira retratada – assim como os deslizes estapafúrdios – ainda nos faz rememorar o temido jargão do mestre Dória no programa ‘O Aprendiz’: “Você está demitido”!