5 de dezembro de 2024
DestaquesGeralNossa Palavra

Nossa Palavra: O dia do julgamento

Ao contrário do que fazia quando ainda era estilingue, o prefeito de Taquaritinga suplica agora para que seja julgado apenas daqui quatro anos, no final de seu mandato. Pelo menos foi o que transpareceu em sua fala sábado (24) na rádio de sua propriedade. Nada mais justo, entendemos nós deste O Defensor, embora não fosse assim que o atual chefe do Executivo compreendesse quando estava somente como edil de oposição.

Quando se vira vidraça, costuma-se dar a mão á palmatória e pedir arreglo. Assim foi com outros prefeitos do passado. O que os políticos precisam entender é que quando assumem um cargo se tornam homens públicos e, nesse ínterim, estão suscetíveis a críticas e sugestões mais ácidas. Com o prefeito que assumiu as rédeas do poder não é diferente: já se passou mais de um ano da atual administração municipal e o hoje mandatário do Município ainda não deslanchou. Ainda fica despejando a culpa na gestão passada.

Não que o governo anterior tenha sido um exemplo de administração pública. Deixou Taquaritinga no descaminho e o prefeito de hoje foi pego no contrapé. Realmente ele tem feito muito para colocar a Cidade nos trilhos, mas de boas intenções o inferno está cheio. Ao optar pela condição de chefe municipal, o atual alcaide tem que ter jogo de cintura e equilíbrio emocional suficientes para não se desestruturar mentalmente. Não é salutar nem conveniente o chefe do Executivo vir numa emissora de rádio (mesmo que seja de sua propriedade) bater- boca com munícipe por questão de somenos importância.

Como não é correto que vereadores saiam de sua cadeira em plenário para discutir aos gritos com cidadão que esteja na plateia assistindo uma sessão da Câmara. Qualquer que seja (vereador ou prefeito) ele representa uma autoridade municipal e, para tanto, foi eleito pela população. Ao descer ao patamar do reclamante – que é extremamente individualista e imediatista – o prefeito ou vereador perde a autoridade que lhe foi incumbida e se torna uma pessoa qualquer do povo. Que não se confunda isso,  todavia, com diálogo e interação popular.

O diálogo é radicalmente fundamental na construção democrática a que nos propomos: ouvir os bairros, estudar as sugestões apresentadas, faz parte do processo dessa plataforma. Infelizmente, a crítica construtiva (desde que não seja pessoal) não foge a esse padrão e o homem público deve se acostumar a ela. Ao que parece, o atual chefe do Executivo ainda não se acostumou a ela. Cabe a ele refletir que hoje não é ele mais estilingue e sim vidraça e que as pedras que lhe atiram devem ser usadas para erguer a cidade, construir os alicerces de novos empreendimentos.

Não é para, como em nossas brincadeiras de crianças, fazer guerrinhas entre todos, briga de pedregulhos que, invariavelmente, deixa alguns arranhões e machucados nessas fanfarronices. Ao contrário, não é para machucar ninguém. O prefeito já acenou com o retorno das oito horas, por exemplo, nos próximos meses.  É um capítulo sem volta, temos certeza.

Não estamos aqui para crucificar o chefe do Executivo (a propósito), nem temos a intenção de pregá-lo numa cruz de madeira.  Entretanto, após todos esses meses, sentimos que há algo emperrando as rodas da Cidade, não as deixando percorrer novos caminhos. Não acreditamos que seja as objeções do presidente da Câmara, muito menos os projetos malfeitos do governo anterior, que o alcaide atual tanto teima em criticar.

Falta criatividade ao poder constituído, talvez melhor desenvoltura do secretariado municipal, que anda tropeçando em coisas banais, enchendo a cabeça do burgomestre de minhocas. Estão procurando muitos chifres em cabeça de cavalo. Com isso, o chefe do Executivo vê em cada cidadão um inimigo, em cada munícipe um adversário e dá no que dá. O prefeito está precisando de uma bandeira branca para ser acenada pelos seus desafetos. Até mesmo porque o alcaide diz que eles são apenas meia-dúzia.

Nunca se viu tanto estrago provocado por meia-dúzia de opositores. Quando o chefe do Executivo luta contra moinhos de vento não costuma ser muito proveitoso. Melhor que ele coloque a cabeça no lugar, pare de brigar com inimigos imaginários e os convoque para a guerra maior, que é contra o subdesenvolvimento de Taquaritinga, o marasmo da Cidade e a mesmice do Município. Acreditamos que aí sim os cidadãos aceitarão pegar em armas e ir para as trincheiras de combate.

É preciso ressuscitar Taquaritinga!