23 de dezembro de 2024
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Nossa Palavra

Sinuca de bico

Pouco menos de 12 meses de administração e o chefe do Executivo enfrenta situações deveras embaraçosas. A derradeira, convenhamos, trata-se da chamada Área Azul, que normatiza o trânsito na área central.  Impossível está de estacionar, sem dúvida, na Prudente de Morais – a principal artéria comercial da Cidade – e ruas paralelas, prejudicando as próprias lojas e butiques.

O centro de Taquaritinga se transformou em “território sem lei”, onde cada qual age de acordo com seus interesses, com o fim da Área Azul. Alguns empresários, inclusive, aproveitam a deixa para “reservar” espaço na frente dos estabelecimentos – o que não é certo. Até mesmo as vagas para idosos e deficientes estão sendo ocupadas por motoristas espertos – o que é menos certo ainda. Para se ir a uma loja central, o motorista é obrigado a estacionar três ou quatro quadras adiante, o que não seria incômodo nenhum se o taquaritinguense fosse pedestre. Tem cidadão que tira o automóvel da garagem para ir comprar pão na padaria da esquina.

Nós não temos a saudável cultura da caminhada, tanto é que alguns vereadores locais se debatem para alargar ruas quando, na verdade, a tendência é espichar calçadas. A mobilidade urbana, que é o pomo central da modernidade, exige que se dê preferência para os pedestres, as famílias. Quem tem mais de 50 anos de idade, vem de um tempo em que as famílias se aglomeravam nas calçadas para discutir assuntos do cotidiano, enquanto crianças brincavam de bolinhas de gude nas ruas de terra e o tradicional esconde-esconde.

Mas este O Defensor não está aqui para relembrar um passado não muito distante. Temos que cuidar do presente e do futuro e ele chama-se Área Azul, mais um nó górdio para o governo municipal desatar. Depois que instituições proibiram até o menor-aprendiz de aprender, a luz no fim do túnel vem ficando a cada dia mais longe. O prefeito disse que é a favor da Área Azul, mas ninguém quer tomar conta do abacaxi. Até o Ministério Público (MP) lavou as mãos, como Pôncio Pilatos. Também foi assim com cartão dos aposentados – que não se resolve nunca. Acreditamos que o mal da atual gestão é dar com a língua nos dentes antes que a obra seja concretizada.

Faz-se promessas a bel prazer, mesmo aquelas impossíveis de serem cumpridas, por conta da morosidade das contas públicas. Acreditamos realmente que o alcaide esteja numa sinuca de bico, que outro não seja o seu propósito de alavancar projetos que remontem ao progresso e desenvolvimento. Só que de boas intenções, já comentava profeta do Apocalipse, o inferno está cheio. Este O Defensor volta a bater na mesma tecla: falta ao prefeito de Taquaritinga um assessor especial que cuide de receber os problemas e os envie de bate pronto para os setores correspondentes. Que faça um “elo de ligação” (essa ligação que a população tanto reclama) entre a comunidade, os vereadores e a própria Prefeitura.

O chefe do Executivo não pode ficar disputando queda de braço com presidente da Câmara, diretoria de Sindicato e muito menos conselheiros do Instituto de Previdência. Tem que cuidar dos planos para tirar a Cidade do sufoco, buscar recursos financeiros e aplicá-los a contento (função que o vice-prefeito Luiz Fernando Coelho da Rocha desempenha muito bem). Por se tratar de uma equipe tarimbada, que já foi calejada pelos oito anos de administração pública do ex-prefeito Paulo Delgado, o time que sustenta o atual governo municipal não dá xabu.  Só falta mesmo esse elemento de ligação, que precisa ter “carta branca” do alcaide, para dar o jogo de cintura necessário para inserir as atividades administrativas na mídia (no bom sentido, eliminando as imagens negativas que têm aparecido a torto e à direito na imprensa local).

A Associação Comercial (ACIT) não quis, a Associação dos Aposentados não quis. Jovens e adolescentes estão taxativamente proibidos de trabalhar na Área Azul (se assim o fizer, a Prefeitura poderá enfrentar os rigores das leis trabalhistas: indenizar os menores com a taxa de insalubridade, pelo fato deles ficarem expostos ao sol. A Municipalidade pode arcar ainda com outras atribulações que nem o mais simples dos mortais poderia supor na atualidade contemporânea.

Se em Jaboticabal e Bebedouro também não está dando certo é porque, a exemplo de Taquaritinga, a Área Azul não está sendo administrada corretamente. O ex-vereador José Roberto (“Beto”) Girotto tem tido excelentes ideias no setor, cabe saber aproveitá-las e deixar de lado essa história de parquímetros (que demandam o dispêndio de mais de R$ 300 mil, num período de vagas magras e com a tormenta se avizinhando). Sem dúvida, um dinheiro que vai ser gasto à toa.

Não acreditamos que nenhuma instituição ou sequer entidade não queira arcar com a fiscalização da Área Azul. O que está faltando é negociação política. E, politicamente, já foi dito aqui, o governo municipal está deixando a desejar.

 

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