18 de novembro de 2024
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Nossa Palavra

Nossos tempos de criança

Há anos este O Defensor tem alertado sobre a violência escolar que ronda inclusive as pequenas cidades, como exemplo da nossa. Taquaritinga não fica isenta do rolo compressor da questão do menor. Principalmente nos estabelecimentos de ensino a situação ficou incontrolável.

Está certo que, por si só, o menor já é um mal maior. Não vamos discutir aqui as causas, razões ou circunstâncias que levaram a isso. Os tempos são diferentes. Para quem tem mais de 40 de idade, foi uma época em que os valores ainda eram respeitados. Cantava-se o Hino Nacional, rezava-se o Pai-Nosso e, sobretudo, respeitava-se o próximo.

Infelizmente, as novas gerações perderam seu conteúdo principal: a auto-estima. Além das drogas e assemelhados que foram desestruturando as famílias no passar dos anos, perdeu-se a fé e a crença no amanhã. Os adolescentes hoje não acreditam em nada e nada temem. Muitas vezes se peca pela impunidade: são polêmicas as questões das famosas palmadinhas em crianças desobedientes. Há 40 anos, os jovens davam passagem a idosa que passava na calçada e professores eram venerados como mestres. Atualmente se dá pouca importância a isso, mas tem tudo a ver com os fatos que assistimos hoje.

Essa violência que vemos nas escolas são conseqüências meramente ilustrativas do que já existe na esfera dos mais privilegiados. Dos economicamente poderosos. A desigualdade social é má conselheira, nós acreditamos nisso. O que estamos presenciando dentro das escolas e fora delas não está no caderno de nenhuma pessoa medianamente inteligente.

Para fazer a lição de casa precisamos voltar às origens e a origem é a própria criança. Tem um ditado antigo de que é de pequenino que se torce o pepino. Precisamos devolver a infância às crianças, ensinar a elas os valores perdidos (o civismo é um deles), acreditar num amanhã que virá e lutar pelas conquistas futuras.

Pode parecer piegas ou quadradismo se falar em passado nos tempos modernos. Não existe, contudo, senão a reflexão para chegarmos ao ponto ideal da comunidade: é preciso ter uma religião para acreditar, é preciso ter um ideal para se lutar, é preciso ter um caminho para caminhar.

A criança precisa reaprender a ser criança. Elas foram desvirtuadas: no lugar do livro, assumiu a televisão, no lugar do gibi, assumiu o computador, no lugar das brincadeiras de rua, assumiu o celular. São benefícios tecnológicos que mesmo imprescindíveis precisam ser revistos e reaprendidos.

A violência escolar (são alunos se agredindo entre si e outros agredindo professores e inspetores) está presente no cenário atual mais do que nunca e precisa ser debatido de forma democrática. Este O Defensor não se considera dono da verdade e se propõe a ouvir todos os segmentos da nossa sociedade.

É do diálogo que nascerão ideias para resolver a questão. Por isso defendemos que, em cada cidade (que tem suas particularidades) o assunto seja colocado em pauta perante as autoridades e a sociedade civil. Ouvir a população, as famílias, os formadores de opinião deve ser prioridade neste momento crucial.

Qual o problema da infância de hoje se são todos iguais a do passado? Precisamos refletir longamente sobre isso e tomar atitudes. As escolas devem voltar a ser o renascer da adolescência. O centro do saber. Teoricamente, é o que pregamos. Agora precisamos colocar a teoria em ação. E não mais que isso.

 

 

 

 

 

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