Nossa Palavra
Não é assim que funciona
A transparência é hoje a pedra angular da normalidade político-administrativa. O discurso antigo que misturava autoritarismo com endeusamento não tem mais vez no cenário atual.
Sem ouvir as bases populares nenhum governo (mesmo o municipal) obterá êxito em sua finalidade principal: proporcionar o bem-estar coletivo na comunidade. É o que está acontecendo com o atual.
Dando ouvidos moucos aos reclamos da população, não estabelecendo parâmetros em suas promessas de campanha, a gestão governista ainda patina no lamaçal deixado pelas administrações anteriores.
Não é culpa exclusiva da atual administração municipal, entenda-se. Este O Defensor não mede palavras para taxar o senhor prefeito de bem mais dinâmico e competente do que alguns anteriores. Entretanto, o Executivo não se pauta pelo diálogo, pela conversa ao pé-de-ouvido – e esse é o seu grande defeito.
Ou seja, administrativamente o alcaide vem agindo cem por cento. Politicamente, contudo, deixa muito a desejar.
Por não ter jogo de cintura, o prefeito da Cidade derrapa nas críticas do IPREMT, perde-se nos temores do Sindicato dos Servidores e não consegue avançar nos trâmites da Câmara dos Vereadores. Administrar uma empresa particular é uma coisa, outra coisa é tratar de planejamentos públicos, com o dinheiro do povo.
Todos sabemos que o burgomestre é especialista na parte financeira e faz dela uma âncora de sua administração. Ele sempre foi bom no setor contábil.
Todavia, o prefeito não costuma ouvir a população em suas decisões, tomando as próprias opiniões pela sua cabeça. Isso tem provocado mal-estar geral nas entidades representativas que se veem desamparadas em suas ações.
Sob o manto de um futurismo mal-acabado, as promessas se multiplicam pelos meses afora, como o Centro Dia do Idoso (construído ao lado do Almoxarifado), que nem se sabe quando vai ser inaugurado. E se vai.
Para o chefe do Executivo ser bem sucedido em seus investimentos só lhe falta ouvir as pessoas, mais nada. Por isso, nós temos dois ouvidos e uma só boca. É para se falar menos e ouvir mais, ouvir sempre. Bater papo, frequentar a rodinha dos amigos, entender o que o povo (principalmente da periferia) está reivindicando, o que deseja.
É necessário, porém, gostar de gente, se dedicar ao ser humano, agir com humanidade – mormente no setor de Saúde, que é vital para a maioria das pessoas. O senhor prefeito já devia saber disso, já que foi vereador por algumas vezes. No entanto, não se sabe o motivo, o alcaide não faz isso.
É sentar-se e ouvir, dialogar com os sindicatos, as associações, as entidades enfim. Como diziam os antigos, duas cabeças pensam melhor do que uma.
Como o chefe do Executivo não é nenhuma Hidra de Lerna, que na mitologia grega, representava uma figura com diversas cabeças, ele precisa começar ouvir o que pensam os munícipes. Aqueles que nele depositaram um voto de confiança, até mesmo de esperança num futuro melhor. O alcaide vai sentir que sua administração vai fluir com mais denodo e celeridade e os bons frutos não tardarão a ser colhidos.
Repetimos que o prefeito municipal administrativamente merece nota 100, mas infelizmente politicamente está uma negação. Não sabe fazer o meio-campo político. Este O Defensor sugere mesmo que o chefe do Executivo crie uma assessoria em seu mandato para cuidar desse setor que está fazendo falta em sua administração. É preciso agir com diplomacia, com flexibilidade, com jogo de cintura.
O dístico em nosso brasão de armas de “Um coração em Deus unido” merece ser pensado. Como em Os Três Mosqueteiros (que na verdade eram quatro) “um por todos e todos por um” deve ser a máxima a nortear o nosso futuro.
Para isso é preciso respeitar as opiniões diferentes, ouvir as pessoas, promover um debate democrático das prioridades participativas. Não se governa com uma cabeça só. Quanto mais as diversidades são colocadas no tabuleiro, mais o jogo de xadrez dará xeque-mate.