Por que o Brasil não tem furacões?
Fenômeno como o Irma é muito difícil cair em nosso país, mas não impossível
Há uma explicação para que um fenômeno tão intenso e tão forte como o Irma atinja o Brasil. Essa explicação está na temperatura da água do mar. Esses fenômenos climáticos são resultados de uma espécie de choque térmico do oceano com a atmosfera. E o Atlântico Sul não apresenta condições favoráveis à formação de furacões. O que não significa que o Brasil esteja imune.
Os furacões se formam em regiões de águas quentes. Quando massas de ar frio se encontram com a água aquecida, formam-se os ventos que dão origem às tempestades, explicou o geólogo Adalberto Scortegagna, que coordena a área de Geografia no Colégio Bom Jesus.
No Brasil, as águas do Atlântico não atingem temperaturas tão altas quanto às do mar do Caribe ou do Golfo do México. Por lá, as águas chegam a 27ºC, até 28ºC, nesta época do ano. A única região brasileira que chega perto disso é o Nordeste. Mas aí falta o outro lado da moeda: não há massas de ar frio de grande impacto, por lá. Sem o choque térmico, não há furacão.
Pela lógica, a região brasileira com potencial para ser atingida por furacões é o Sul. Isso porque estas tempestades migram das regiões mais quentes para as mais frias.
Como o Atlântico Sul é mais gelado, os furacões aqui são raros. Mas não impossíveis. Em 2004, no Brasil houve o furacão Catarina, que deixou 11 mortos e quase 30 mil desalojados, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Alguns meteorologistas (principalmente norte-americanos) classificaram o Catarina como um furacão de nível um. No Brasil, a classificação mais popular é de ciclone extratropical.
Sim, é possível que o Brasil tenha mais furacões no futuro. Principalmente se for confirmado o aquecimento global, e a temperatura média no Atlântico subir um ou dois graus, explica o geólogo Adalberto Scortegagna.
Ele afirma também, que, não podemos ser alarmistas, mesmo confirmando o aquecimento, tem que lembrar que o tempo geológico é totalmente diferente do tempo dos homens. O Catarina talvez seja o primeiro de uma série de furacões. Mas isso não significa que vão ocorrer outros com poucos anos de intervalo.
O geólogo lembra ainda que os ciclones extratropicais, comuns no Sul do Brasil, no início do ano, são justamente resultado desse choque térmico entre águas aquecidas e ar frio. São tempestades acompanhadas de ventos fortes, que podem deixar um rastro de destruição. Mas com uma intensidade muito menor do que a dos furacões.
*Com informações Gazeta do Povo
Foto: Chip Somadevilla/AFP