Doses homeopáticas
O atual governo municipal vem adotando um estilo de administrar inédito na Cidade. Tem causado polêmica. Muitas vezes não consegue enfiar goela adentro do povo suas prioridades.
É o caso da compra do prédio da Stéfani (antiga Paoletti), por exemplo. Num Município que já amarga seus precatórios na famosa história da Colombo, é preocupante. A realidade, porém, é clara: quando o burgomestre anuncia sua intenção, o fato já foi concretizado.
Às vezes, todavia, o tiro pode sair pela culatra. O chefe do Executivo tem tomado decisões sem ouvir sequer os vereadores e muito menos a própria população. Isso não é bom. Para quem foi eleito pelo voto direto, ficar longe do clamor popular não é de bom alvitre.
O prefeito adotou esse estilo, que de início deu certo na gestão administrativa. O inverso, passado o êxtase da vitória eleitoral, começa a aparecer devagarzinho na Cidade. Alguns procedimentos, contudo, começam ser questionados – o que não é de se espantar por aqui.
A verdade é que atual alcaide – já ensaboado com o creme da política municipal – não mete mão em cumbuca. O prefeito vem distribuindo o seu jeito de administrar em doses homeopáticas e – ao menor sinal de insatisfação – ministra o conta-gotas a seu bel prazer.
Muitas tradições vêm sendo quebradas, algumas delas convenhamos que estavam mesmo na hora da mudança. O próprio povo (com exceção de alguns poucos) reconheceu, como foi no fato do bolo da festa da Cidade, assim dizendo. Ou da própria salva de morteiros (21 se não nos falha a memória) na Alvorada do dia 16 de agosto.
O prefeito foi categórico no programa radiofônico de sua própria emissora: “Isso significa respeito aos seres humanos e aos animais”. E nós concordamos plenamente.
O que não se pode admitir, aliás, é fazer ouvidos surdos ao brado popular. O chefe do Executivo não pode dar de ombros àquilo que a cultura do povo guarda através das gerações. A medida que o tempo passa se extingue morre uma parte da infância desvalida: a passagem da fogueira, a chegada da folia de reis. E pensar que nas últimas campanhas eleitorais o lema era o ser humano em primeiro lugar. Foi só para inglês ver. Mas já falávamos das tradições (e até o CAT tentaram chutar para escanteio).
Os tempos mudaram, todavia, e ficamos a ver navios. Taquaritinga (tão carente de lideranças) está cedendo aos lances do prefeito – volta-se dizer: alguns ótimos, outros nem tanto. Entretanto, quando o alcaide cisma que o projeto tem que ser futurista, é bom não contrariá-lo: a ousadia do chefe do Executivo tem suas vertentes positivas.
Ele cansou-se de ver a Cidade no marasmo, morna, chocha nos últimos anos e não se fez de rogado: chega dos mesmos (não era assim que se dizia em eleição não tão distante?). Dizem que o atual quer repetir o ex-Paulo Delgado – a quem até pouco tempo nutria ódio figadal – com dose a mais de tempero.
Ambos se dedicam de sol a sol ao trabalho (às vezes até mesmo braçal). Delgado ainda não se sabe sobre seu futuro político (deputado?), o administrador atual pretende ser reeleito e assim vai. Afora questiúnculas partidárias, hoje a população quer saber é do futuro de Taquaritinga.
Enquanto o Município não assumir sua vocação, não teremos perspectiva. O prefeito costuma dizer que a nossa vocação é educacional. Outros preferem as indústrias, mas há quem diga que a salvação é a agricultura. De todas, a do chefe do Executivo é a que se aproxima mais. Aos 125 anos, a Cidade ainda escolhe seu caminho a percorrer de agora para adiante. Mas para isso Taquaritinga precisa ser capacitada para tanto.